“Cantar Dornelas” celebrou memória e identidade coletiva

Vânia Couto e Matilde foram as duas artistas que, acompanhadas por cinco residentes de Dornelas do Zêzere, protagonizaram o “Cantar Dornelas”“. Um evento que decorreu sábado e representou uma «homenagem à cultura, às vivências e à história local, com o cancioneiro tradicional na voz e no coração».

Um evento que representou o culminar de uma residência artística, que decorreu durante cerca de uma semana, durante a qual Vânia Couto conheceu a terra, mas sobretudo as pessoas e as suas canções. Um projeto que começou com a artista a andar de porta em porta, a bater às janelas e a perguntar aos residentes pelas cantigas que conheciam. Depois, «sucederam-se as conversas e a partilha. «Conheci muita coisa sobre as pessoas. É como se abríssemos um livrinho cheio de fotografias e histórias antigas, mas que estão em janelas», conta.

Janelas que se «voltaram a abrir» na apresentação feita ao público. Um «reviver de memórias que estão instaladas dentro de todos», diz o vereador Rui Simão, da Câmara de Pampilhosa da Serra. «Aquilo que aqui se passou faz parte da memória coletiva», acrescenta.

Vânia Couto destaca um momento de «particular emoção», em que «todos cantaram juntamente com Ti Silvina, uma senhora com 93 anos, com uma dureza de vida enorme, que mostra a força das mulheres e como a memória ainda está nas cantigas que ela canta». A sua voz, já cansada, conta toda a história que ela tem lá dentro e que as pessoas também sentem».

“Cantar Dornelas” resultou de uma parceria entre o Município de Pampilhosa da Serra e a Associação Jazz ao Centro, no quadro dos princípios das Aldeias Bauhaus Euroace, que combinam «tradição e inovação, sustentabilidade e envolvimento da comunidade».