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Psicólogos querem tecnologia discutida nas escolas

6.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses teve hoje início em Lisboa

O bastonário dos Psicólogos defendeu hoje que o sistema educativo deve ensinar às novas gerações como funciona a Inteligência Artificial (IA) para prevenir os riscos do uso daquela tecnologia, uma preocupação acentuada com as recentes inovações.

A última versão da empresa OpenAI prevê que a IA possa iniciar uma interação com o utilizador, o que levanta questões em casos de instabilidade emocional, gerando dependências ou relações com a máquina, uma questão que já motivou críticas de várias associações de psicólogos no mundo inteiro.

Falando à Lusa à margem do 6.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que teve hoje início em Lisboa, Francisco Miranda Rodrigues admitiu que “pessoas mais vulneráveis” podem ser particularmente afetadas, com a “substituição das interações com outras pessoas por interações com a máquina”.

Este tema já foi objeto de um documento de reflexão da Ordem no ano passado e Francisco Rodrigues pede ao poder político que aborde a questão e promova a discussão, em particular no sistema educativo.

“A experiência que temos no passado sobre outros desenvolvimentos tecnológicos também nos devem fazer apontar para esta preocupação no sentido de agarrarmos [a tecnologia], de a dominarmos e termos competências para conseguir geri-la” em vez de a proibir ou limitar, explicou o bastonário.

Para o responsável, a gestão dos impactos da IA "passa por alguma regulação”, mas também pela inserção do tema nos manuais escolares e no debate público.

“Temos vindo a fazer um caminho de há muitos anos de cada vez menos investimento na autonomização dos jovens” e “se quisermos ir mesmo a fundo de facto, o que se tem que ensinar é mesmo como é que o mecanismo funciona”, não apenas no que diz respeito à tecnologia mas aos processos psicológicos que “nos levam a ficar muito vinculados e muito motivados para a utilização destas tecnologias”, sustentou.

“Temos que investir mais na literacia sobre os processos mentais”, afirmou, defendendo que a responsabilidade é de todos, mas em particular dos decisores políticos.

O bastonário considerou também que “todos temos uma parte a fazer” neste processo, mas “se não houver uma iniciativa da sociedade, então deve haver uma iniciativa do poder político”, procurando “parceiros na comunidade educativa” e envolvendo as famílias na discussão dos impactos da IA na saúde mental e na educação.

Francisco Rodrigues espera que a discussão “seja alargada” e não se limite a “depositar na escola essa responsabilidade”, como tem acontecido com a estratégia sobre o uso adequado de telemóveis entre os jovens.

“Não acho aceitável que, apenas quase até como descarte de consciência, se coloque a responsabilidade toda nas escolas, quando nós sabemos depois como é que é em casa”, onde “não existe controlo”, o que demonstra “uma enorme hipocrisia”, afirmou ainda o bastonário.

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