26,2% dos jovens com sintomas depressivos moderados e graves
26,2% dos alunos, entre o 3.º ciclo do ensino básico e o ensino secundário apresentam sintomatologia depressiva moderada ou grave. Este é um dos principais resultados do Mais Contigo, um programa de prevenção do suicídio em contexto escolar que, no ano letivo passado, interveio junto de 17 mil adolescentes.
Coordenado por José Carlos Santos, docente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), onde os resultados do programa foram apresentados, o Mais Contigo apresentou este ano uma redução do número de adolescentes com sintomatologia depressiva moderada e grave. No entanto, merece atenção o facto de continuarem a ser altos os valores verificados, sendo, de acordo com o responsável, necessário «um trabalho sistemático de proximidade» nos estabelecimentos de ensino.
Raparigas com piores indicadores de saúde mental
Num ano em que o Mais Contigo chegou a mais jovens (16.063 questionários validados) e que, pela primeira vez, intervém em estabelecimentos de ensino de todo o país (num total de 265) incluindo Madeira e Açores, ficou confirmada uma tendência verficada em edições anteriores, a que de «as raparigas manifestam maiores vulnerabilidades do que os rapazes em todas as variáveis estudadas», apresentando, «piores indicadores de saúde mental». Aliás, de acordo com nota da ESEnfC com os resultados desta edição do programa, «dos 1948 adolescentes que se encontravam em maior risco de adotar um comportamento suicidário, 61,6% eram raparigas». Outro dado relevante é o facto de haver «uma assimetria na melhoria dos indicadores de saúde mental tendo em conta o ano de estudos», sendo os alunos do 7.º ano os que «apresentam melhores indicadores de saúde mental».
De sublinhar que, no final do programa neste ano letivo, e no final das intervenções, com dinamizadores a realizarem sessões de sensibilização com 967 encarregados de educação e 2.186 docentes e assistentes operacionais, a amostra dos adolescentes com sintomatologia depressiva moderada e grave ter descido de 26,2% para 23%, confirma a ESEnfC, tendo aumentado o bem-estar e o autoconceito dos jovens intervencionados. Por outro lado, houve necessidade, no último ano letivo, de as equipas do programa Mais Contigo encaminharem 145 adolescentes para serviços de saúde metal e psiquiatria (51) e para cuidados de saúde primários (95).