Viveiristas mostram a sua arte em Semide
Foi ali, nas margens do rio Ceira, que começou esta arte ancestral. Hoje, os viveiros cresceram, galgaram as fronteiras de Semide e Rio de Vide, estenderam-se para Coimbra, Lousã, Poiares, Condeixa, Soure, Montemor e até mesmo em Mira há viveiristas e viveiros. A ADN desta cultura tão específica mantém-se, todavia, nas orlas do emblemático Mosteiro de Semide, onde nasceu. A garantia é dada por Luís Martins, presidente da União de Freguesias de Semide e Rio de Vide, que mais do que puxar a “brasa à sua sardinha” ou melhor, no caso, a árvore à sua “raiz, entende que o importante é promover esta tradição fortemente arreigada no território, que moldou o perfil da economia local e hoje é responsável por um circuito económico já com larga escala e uma faturação muito significativa. E precisamente com o objetivo de enaltecer e promover o setor viveirista que se realiza a Feira da Árvore, inaugurada hoje, pelas 18h00, em Semide.
Um certame com a duração de três dias, que conta com a participação de seis dezenas de expositores. Grande parte são viveiristas, da União de Freguesias, do concelho de Miranda do Corvo ou da região. Mas também há máquinas agrícolas e florestais, empresas de fertilizantes e expositores com queijos e enchidos. «Destacamos o setor primário», faz notar Luís Martins, tendo o artesanato como convidado.
As jornadas técnicas, a realizar amanhã, durante todo o dia, revestem-se de particular importância. «Este ano contamos com palestrantes da Holanda e de Espanha», destaca o autarca local. Os primeiros justificam-se porque os Países Baixos são um “parceiro” de negócio dos viveiristas, pois são grandes produtores de “porta-enxertos”. O país vizinho, por seu lado, é o maior mercado dos viveiristas da região, que também exportam para França, Itália e começam a descobrir o mundo do lado de lá do Atlântico. «As exportações já são muito significativas», refere Luís Martins.
A produção é unicamente de frutícolas e nestas terras de várzea desenvolvem-se as mais variadas espécies. É aqui que “nascem” as famosas laranjeiras dos pomares algarvios. É também aqui que são criadas as tão apreciadas maçãs de montanha de Sernancelhe, Armamar ou Moimenta da Beira, para já não falar na maçã ou na pêra do oeste ou até nas cerejas de Resende ou do Fundão, sem esquecer as muitas variedades de pêssego. Todas essas árvores têm a sua raiz-mãe nos viveiros da região. Um processo em crescendo, refere Luís Martins, que aponta as «novas variedades que estão sempre a surgir» e imprimem dinâmica constante à produção.
Por isso o certame também é importante como espaço para auscultar o mercado, trocar informação, agendar encomendas, selar negócios, e até “espiar” os concorrentes. Um espaço igualmente importante para colher informação – sobretudo nas jornadas – relativamente a pragas, o maior inimigo dos produtores de viveiros, e respostas de tratamento, fertilização, processos de tratamento e novas variedades.|