Casa da Cidadania e da Língua é “projeto transformador”
As atividades promovidas pela Casa da Cidadania da Língua (CCL) de Coimbra financiadas com o apoio da Câmara Municipal custaram, no primeiro semestre deste ano, 42.509 euros, revelou ontem José Manuel Diogo, curador do espaço e presidente da Associação Portugal Brasil 200 Anos (APBRA). Na apresentação do relatório sobre o que foi promovido neste período - entre exposições, performances e espetáculos, palestras e ciclos de discussão, e ainda residências literárias -, o dinheiro gasto e o impacto registado na comunidade (nacional e internacional), o responsável defendeu que a aposta deve passar, cada vez mais, por uma programação regular.
José Manuel Diogo referiu que, apesar de estar «num local extraordinário», a antiga Casa da Escrita e antiga residência de família de João José Cochofel, estava «escondida de si própria», sem «programação autónoma» e «apriosionada a narrativas». Nos últimos meses, e sob o mote das comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, a APBRA tem trabalhado para envolver a comunidade, incentivar o diálogo intercultural e promover a produção cultural e intelectual tendo a cidadania da língua como fio condutor, explicou. A seu ver, a CCL deve «estar de portas abertas», «ser menos “casa” e mais centro cultural», «espaço de experimentação e de produção de conhecimento».
A exposição fotográfica “O Rosto de Camões”, o espetáculo “O Olho Perdido de Camões”, o campeonato de poesia falada “Slam Camões”, os encontros mensais “Camões sem parar”, que exploraram a influência do poeta nas artes, foram alguns dos destaques da programação do primeiro semestre, alguns dos quais “viajarão” para eventos fora do país, nomeadamente no Brasil.
Para José Manuel Silva, a despesa com a CCL foi «relativamente baixa» para o que se produziu e o projeto «tem tudo para crescer». O presidente da Câmara registou as importantes parcerias com o Brasil e o seu papel da casa na internacionalização de Coimbra, mas revelou que o orçamento não irá crescer. «Para nós é um projeto transformador. Gostávamos que deixasse de ser um objeto de arremesso político, mas enquanto for, cá estaremos, porque a cidadania da língua também é política», disse.
A diretora do Departamento de Cultura do Município, Maria Carlos Pêgo, reiterou que, apesar de contar com a curadoria da APBRA, a Casa da Cidadania e Língua de Coimbra é «um equipamento cultural à disposição da sociedade civil» e que «muitas outras entidades» podem usufruir do espaço e realizar ali atividades. No seu entender, «a programação regular é fundamental para atrair novos públicos e fidelizar» os que já estão criados e a oferta deve ser trabalhada, em parceria com a cidade, no sentido de ser «eclética e diversificada». |