A vacina não chega para proteger da pneumonia
A incidência de pneumonia adquirida na comunidade é maior nas pessoas mais velhas e, com a idade, aumenta também o risco de hospitalização e a mortalidade associada à doença. Reconhecendo a importância da vacinação, Raquel Duarte, especialista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e antiga secretária de Estado da Saúde, defendeu esta sexta-feira, em Coimbra, políticas concertadas para identificar e intervir nos fatores de risco de pneumonia nos seniores, bem como nos fatores protetores da doença.
«É bom que consigamos chegar a mais velhos de forma mais saudável, mas precisamos intervir mais eficazmente para ir atrás deste objetivo», declarou no Encontro Envelhecimento Protegido, que decorreu no Pavilhão Centro de Portugal, organizado pela Sociedade Portuguesa de Saúde Pública. «Há claramente fatores de risco que podem ser modificados», referiu, numa conferência subordinada ao tema “Pneumonias no adulto”, moderada por João Pedro Pimentel, do Departamento de Saúde Pública de Coimbra.
Com menos defesas, outras patologias e co-morbilidades associadas a medicações, os seniores podem ainda ter como fatores de risco os próprios estilos de vida, muito dependentes de determinantes sociais e económicos, a exposição a agentes infeciosos, fatores ambientais e a resistência a antibióticos. «Como vivem, onde vivem e que apoio social e familiar têm é muito importante. Os estudos mostram que o risco de pneumonia é maior nos locais mais desfavorecidos e em situações de maior pobreza», reparou Raquel Duarte.
«Além dos fatores de risco, em que podemos atuar, temos de olhar para os fatores protetores da pneumonia: a vacina, mas também a nutrição, a higiene oral, a atividade física e a deteção precoce da doença», explicou a médica, que foi assessora do Governo para a Covid-19.