Homem dado como morto pelo Hospital de Leiria está afinal vivo
José Marques da Cruz, de Outeiro do Louriçal, foi dado como morto pelo Hospital de Santo André, de Leiria, e a notícia transmitida à família que iniciou de imediato todas as diligências para que o familiar tivesse o seu funeral que foi marcado e publicitado. Só que José Marques da Cruz não estava, na verdade, morto. Continua vivo, no Hospital de Leiria, unidade que se terá enganado e dado pelo erro muitas horas depois. A família passou pelo luto por um dia e agora sente-se revoltada com a situação.
Nas suas redes sociais, a funerária contratada para a realização do funeral teve de cancelar as cerimónias que já tinham sido publicitadas, com data, hora e local. «Em virtude de erro, por parte do hospital, que comunicou à família do sr. José Marques da Cruz, o seu falecimento, o qual felizmente não ocorreu, informamos que as cerimónias anteriormente divulgadas foram canceladas», refere a agência Rolo & Ferreira. O que se seguiu foi um extenso rol de críticas à atuação do hospital. «Ainda estamos em choque, como é possível brincarem com a nossa dor», lê-se num dos comentários à publicação da funerária.
Familiares de José Marques da Cruz, de 81 anos, casado e com três filhos, escusam-se a prestar declarações, mas, através da agência funerária, transmitem a sua revolta com a situação que lhes causou um dia de luto e de sofrimento desnecessário.
Ao Diário de Coimbra, o proprietário da Rolo & Ferreira, José Elísio Santos, relata a situação, contando que na manhã de sexta-feira um médico terá ligado à família a informar da morte do utente, e a família de imediato entrou em contacto com a funerária para tratar do funeral, delegando na agência o levantamento do corpo, uma vez que, frisa, não é exigido na maioria dos hospitais o reconhecimento do corpo pelos familiares. Dando seguimento ao normal procedimento, José Elísio Santos tentou agendar com o hospital o levantamento do corpo e a guia de transporte, o que fez por telefone e por e-mail, sem conseguir resposta. O que lhe foi dito, explicou, é que por se tratar de dia de greve geral, os serviços do hospital não estavam a conseguir dar resposta. Ainda assim, José Elísio Santos enviou dois funcionários presencialmente ao hospital para procederem ao levantamento do corpo do homem que já tinha o funeral marcado.
«Foi-nos dito que ainda não tinham o corpo por falta do pessoal e ainda não tínhamos guia de transporte e que o corpo não estava sequer na morgue e estava ainda na urgência», contou, explicando que a informação que os funcionários trouxeram de volta é que o corpo seria libertado na manhã de ontem para o funeral que estava agendado para as 11h30, na Capela do Outeiro do Louriçal. Mais ainda, frisa que os funcionários da agência estiveram «desde as duas às sete da tarde» no hospital à espera de respostas. Por volta das 22h00, segundo José Elísio Santos, o hospital terá dado conta do erro e informado a família.
Ao nosso jornal, o hospital nega o erro. A Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL) diz que «não foi efetuado nenhum contacto telefónico com a informação de óbito do utente em questão». Refere que «o único contacto telefónico realizado à esposa do utente pelo médico responsável pelo processo na quinta-feira, teve como assunto o estado clínico do utente, um prognóstico reservado». O doente, acrescenta, «continua sob vigilância médica no Hospital de Santo André»