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Angariação de fundos para motorista de autocarro ferido em Loures tem mais de 46 mil euros

Onda de solidariedade dos portugueses excedeu completamente as expectativas

A angariação de fundos para apoiar o motorista que ficou gravemente ferido na semana passada em Santo António dos Cavaleiros, Loures, quando o autocarro que conduzia foi incendiado, já tem duas mil doações e mais de 46 mil euros.

Em declarações à Lusa, Helena Ferro de Gouveia, promotora da iniciativa, revelou que a onda de solidariedade dos portugueses “excedeu completamente” as suas expectativas, que tinham como meta inicial o valor de 500 euros.

“Quando criei na sexta-feira a angariação fi-lo porque achei que a meta de 500 euros era fácil de alcançar entre mim e os meus amigos. Mas, a campanha foi crescendo e ganhando uma dimensão que já conta com mais de duas mil doações de pessoas de todos os quadrantes”, explicou.

Helena Ferro de Gouveia disse ter sido levada a agir depois de ler nas redes sociais “um relato emocionado” de um amigo do motorista ferido, também ele motorista, na sequência do incidente que ocorreu na madrugada de quinta-feira, quando um autocarro foi incendiado na paragem terminal.

“Foi um testemunho que me comoveu muito, avassalador e achei que tinha a obrigação cívica de fazer alguma coisa”, contou.

À Lusa, Pedro Viera Gomes disse que o seu amigo e colega de trabalho Tiago “está a recuperar positivamente”, escusando-se a entrar em mais detalhes por respeito à família.

O também motorista da Rodoviária de Lisboa, operador que presta serviço à Carris Metropolitana, revelou que a empresa e as chefias “desde a primeira hora que estão a acompanhar o Tiago e a sua família”, bem como os restantes funcionários.

São cerca de 30 motoristas que fazem a zona de Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures, distrito de Lisboa, onde se deu o incidente, conforme adiantou à Lusa Pedro Vieira Gomes, contando que nos primeiros dias após o acidente a empresa tomou medidas para a proteção dos funcionários.

“A empresa esteve sempre do nosso lado também, no início houve medidas de segurança como circularmos de vidros fechados, abrir as portas o mínimo de vezes possíveis, nos terminais à noite não abrir a porta da frente e qualquer situação anómala ser comunicada à empresa”, relatou.

Pedro Vieira Gomes referiu ainda “nunca ter acontecido uma situação” semelhante à ocorrida na semana passada, apenas “os normais desentendimentos, alguém que entra sem pagar bilhete, nunca nada deste risco”.

Pelas 15h30 de hoje, a campanha “Ajude o Tiago” (https://www.gofundme.com/f/ajude-o-tiago) contava com mais de 46 mil euros arrecadados, de uma meta de 50 mil euros, e duas mil doações.

Os distúrbios ocorridos na semana passada em vários concelhos da Área Metropolitana de Lisboa foram desencadeados pela morte de Odair Moniz, morador da Amadora, no distrito de Lisboa, baleado por um agente policial.

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Os desacatos desencadeados pela sua morte tiveram início no Zambujal, na noite de 21 de outubro, e estenderam-se depois a outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, tendo sido incendiado na madrugada de quinta-feira (24 outubro) um autocarro da Carris Metropolitana, em Santo António dos Cavaleiros.

O autocarro já estava sem passageiros quando se deu o incidente, mas o motorista que ainda estava no interior sofreu “queimaduras graves na face, tórax e membros superiores”, segundo adiantou, na altura, a PSP.

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