Entre a tragédia e o humor, “Esperando Godot” é alegria no fim do mundo
Uma das maiores obras de Samuel Becket tem encenação de José Celso Martinez Correa, um dos maiores dramaturgos brasileiros, que o transformou numa encenação com um “toque” de humor. Aliás, o ator Ricardo Bittencourt - que interpreta a personagem Pozzo, o Domador - destaca, em entrevista o Diário de Coimbra, que o «elemento do humor é o que distingue esta encenação das demais».
«As encenações que já rodaram o mundo todo tendem a dar um existencialismo e uma profundidade que o texto tem, mas José Celso vem e expande isso», salientou o ator, que relembrou que o humor «faz parte do texto de Becket». Contudo, as sucessivas encenações foram retirando os cenários mais cómicos.
«“Esperando Godot”, encenado pelo José consegue ver o humor que existe na tragédia», assume. «Só ele teria a autoridade teatral e poética para subverter o texto de Becket».
"'Esperando Godot', encenado pelo José consegue ver o humor que existe na tragédia"
«O José Celso faz uma coisa que o Becket queria: ele faz duas personagens que são palhaços, ele queria que fossem personagens engraçadas», por isso, o humor está presente mesmo no fim do mundo. Tanto as personagens, como o próprio cenário é um cruzamento entre a época em que o texto original foi escrito, após a II Guerra Mundial e o mundo atual.
As cinco personagens que vão contracenando esperam por Godot, mesmo que não saiba o que é ou quem é, mas continuam a esperar por algo que virá (ou não). Os dois atores que conversaram com o Diário de Coimbra, tendo passado pela Lousã, Águeda e Aveiro não pouparam os elogios, não só às salas de espetáculo por onde passaram, como ao próprio público português.
Os bilhetes para “Esperando Godot” custam entre 11 e 15 euros e estão disponíveis na bilheteira do Convento ou na BOL.