Areaclientedc
Última Hora
Mcoutinho
Natalserrano
Pub

Saúde em Coimbra ainda tem “caminho a trilhar”

Tertúlia do IPC debruçou-se sobre a situação da saúde. Mais complementaridade entre o setor público e o privado apontada como solução

Coimbra é conhecida por ser a cidade do conhecimento, mas também da saúde. Mas será que poderia ser ainda melhor? Os convidados de mais uma Tertúlia do IPC, desta vez com o mote “Desafios na Saúde - visão global”, não tiveram dúvidas em reafirmar que existe um enorme potencial, contudo, ainda não é aproveitado na íntegra.

Pedro Beja Afonso, administrador do Hospital da Luz Coimbra, José Alexandre Cunha, administrador do Grupo IGHS e Carlos Santos, ex-presidente do CHUC, partilharam as suas visões acerca da saúde em Coimbra, sobre os serviços públicos e privados e ainda concordaram que a cidade tem que apostar na união de esforços para continuar a manter o estatuto que ganhou até aos dias de hoje.

«Coimbra é conhecida pelas suas boas instituições de saúde», começou por afirmar Pedro Beja Afonso, acrescentando que as instituições de ensino superior, como o Instituto Politécnico e a Universidade de Coimbra, são «excelentes escolas», onde é possível recrutar os profissionais de saúde necessários.

Ideia defendida na íntegra pelo ex-presidente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que realçava o ensino nas várias áreas da saúde, desde medicina, enfermagem e técnicos de diagnóstico, assim como as entidades públicas de saúde, como o IPO, como mais-valias numa cidade que tem potencial de crescimento.

Ao longo da conversa que durou cerca de uma hora os três oradores não pouparam os elogios à cidade, mas concordaram num ponto: é preciso mais união entre as diferentes entidades para que a prestação de cuidados de saúde corresponda às expectativas da população.

Numa visão sobre o estado do SNS (Serviço Nacional de Saúde), José Alexandre Cunha defendeu que é necessário «reformar». «O SNS foi formado há 45 anos e tem muitas insuficiências e hoje poderia ter uma oferta diferente e uma sustentabilidade financeira também diferente», defendeu José Alexandre Cunha, um dos fundadores do Grupo Idealmed em Coimbra.

«Vivemos num país em que, infelizmente, as amarras políticas condicionam tudo» e, por isso, acredita que a solução está na «otimização de recursos e dos serviços, sejam eles públicos ou privados», deixando para trás as discordâncias em utilizar os recursos privados como resposta às necessidades do Serviço Nacional de Saúde.

Hoje, cerca de 5 milhões de portugueses têm um seguro de saúde que é, muitas vezes, utilizado como um «complemen­to» ao SNS, explicou Carlos Santos, que apoia uma maior «complementaridade» entre os serviços públicos e privados.

«Este modelo do SNS que continuamos a achar que funciona com mais dinheiro e mais investimento não resolve os problemas», ressalvou Pedro Afonso Beja, também ele defensor de que deveria existir um trabalho conjunto entre o setor privado e o setor público na área da saúde.

«As pessoas não querem saber se entram numa instituição pública ou privada, as pessoas querem ter bons cuidados de saúde, a tempo e a horas, e pagar o menos possível», acrescentou.

Para o atual administrador do Hospital da Luz Coimbra, um dos maiores hospitais privados do país, a distinção entre público e privado «tem prejudicado a existência de respostas mais adequadas», posição igualmente defendida por José Alexandre Cunha.

Já Carlos Santos não tem dúvidas de que quando existem situações de maior gravidade, as respostas continuam no setor público. Mas a situação atual do SNS está longe de ser a ideal e, por isso, é preciso que os decisores políticos pensem num caminho diferente.

«Sob pena de continuarmos a crescer a despesa sem que seja acompanhada de uma resposta adequada e podemos chegar a um ponto em que as pessoas já não vão estar disponíveis para continuar em termos de impostos», disse Carlos Santos. «Podemos confrontarmo-nos com uma das situações: ou temos apenas alguma coisa para todos, ou temos tudo para alguns. Não é aceitável», rematou.

Os três convidados da tertúlia que decorreu na Casa do Bispo, na passada segunda-

-feira, acreditam que será possível «repensar uma estratégia pensada com uma visão regional», colocando Coimbra na vanguarda na prestação de cuidados de saúde.|

Outubro 30, 2024 . 10:21

Partilhe este artigo:

Junte-se à conversa
0

Espere! Antes de ir, junte-se à nossa newsletter.

Comentários

Fundador: Adriano Lucas (1883-1950)
Diretor "In Memoriam": Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: Adriano Callé Lucas
94 anos de história
bubblecrossmenuarrow-right