Envelhecimento é uma das maiores transformações sociais do século XXI
«O futuro é dos mais velhos». Uma frase que se contrapõe à tradicional frase «O futuro é dos jovens» que, perante a mudança demográfica a que se assiste hoje, com o aumento do número de pessoas idosas está totalmente ultrapassada. A afirmação é da professora Margarida Pedroso de Lima, professora da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra, doutorada em Psicologia do Desenvolvimento e com especialização em Psicogerontologia, que foi uma das convidadas da sessão-debate, promovida pela APRe!, no âmbito do Projeto SeFTI – Semear um Futuro para Todas as Idades, e que teve lugar na Casa Municipal da Cultura, exatamente na passada segunda-feira (Dia Mundial da Terceira Idade).
E porque se tratou, de facto, de uma sessão debate, a professora Margarida Pedroso de Lima partilhou com os presentes, algumas das suas reflexões, nomeadamente a importância de todos «estarmos conscientes de que o processo de envelhecimento começa na conceção, o que implica que o envelhecimento seja uma responsabilidade de todos. Por
isso, Margarida Pedroso de Lima, enunciou alguns dos muitos ganhos que se conquistaram ao longo dos anos, como é o caso da esperança média de vida que quase duplicou num século e que, por isso mesmo, «todos nós somos privilegiados por podermos viver muitos anos» mas ainda há muito a fazer. «Sobretudo no que diz respeito à mudança de atitude», para que, «as pessoas possam viver mais tempo e com mais qualidade».
E a propósito, a professora evocou o primeiro pilar estratégico da Década para o Envelhecimento Saudável 2020-
2030 que recomenda «a mudança na forma como pensamos, sentimos e agimos em relação às pessoas mais velhas».Margarida Pedroso de Lima defende que «livres de preconceito, em vez de nos centrarmos nas perdas com o envelhecimento, o foco deve ser colocado no florescimento, isto é, no legado que cada um quer deixar e que se pode manifestardas mais diversas formas». Depois, partindo da premissa do segundo pilar (garantia de que as comunidades promovam as capacidade das
pessoas mais velhas), Margarida Pedroso de Lima lança orepto para que todos possamos reinventar a forma como queremos viver, recriando o nosso papel na sociedade que não tem que ser obrigatoriamente a tradicional reforma.
Reflexões que se afastam e muito da realidade de muitas das pessoas mais velhas em Portugal, já que as respostas são criadas em função da idade e não em função das necessidades.
Por tudo isto, é fundamental que sejam as pessoas mais velhas os vetores da mudança, a partir da luta contra os preconceitos, de uma maior intervenção política, de mais educação que passa mesmo pela mudança de narrativa, também nos media, colocando a tónica «na voz ativa das pessoas mais velhas».
Outubro dedicado às pessoas mais velhas
Outubro é o mês dedicado às pessoas com mais idade. Dia 1 celebrou-se o Dia Internacional das Pessoas mais Velhas, instituído pela ONU e, em simultâneo, celebrou-se o dia Nacional do Idoso. Já a 28, assinalou-se o Dia Mundial da Terceira Idade. Datas que não podem ser deixadas passar em branco e que exigem reflexão, pois o envelhecimento
populacional está prestes a tornar-se numa das transformações sociais mais significativas do século XXI, tendo em conta que os últimos dados revelam que «a população mundial está a envelhecer e todos os países do mundo estão a assistir a um crescimento no número e na proporção de pessoas seniores da sua população».
Estima-se que o número de seniores, com 60 anos ou mais, duplique até 2050 e mais do que triplique até 2100, passando de 962 milhões em 2017 para 2,1 mil milhões em 2050 e 3,1 mil milhões em 2100. Portugal não será exceção.