André Pleno leva a música ao vivo até aos funerais
A perda de um amigo ou um ente querido é sempre difícil e um funeral é sempre um momento muito íntimo e de grande dor, o que faz com que seja delicado introduzir-lhe inovações.
Ter música ao vivo num funeral poderá ser um risco ou soar a estranho, mas André Pleno tem conseguido fazer deste seu projeto um momento muito especial e único nos corações de familiares e amigos de quem parte.
A missão é, através da música, prestar homenagem a quem faleceu. Para tal, André Pleno, faz “jus” à sua experiência como músico, que começou aos 8 anos na Filarmónica da Pampilhosa, passou pelo Conservatório de Música de Coimbra (onde fez o 8.º grau) e pela Universidade de Aveiro, mas também à sua sensibilidade musical e à certeza de que, como diz, «a música influencia a vida das pessoas, a maneira como olham para a vida».
E a verdade é que, só nos últimos dois meses, já foram mais de 20 os funerais em que, com a sua flauta transversal tornou ainda mais íntimo e especial o “adeus” a alguém especial que partiu.
Como surgiu este projeto? André Pleno conta que responde a um desafio - que assumiu como «um pedido» - feito pelo pai. A sua relação com o pai é forte, como a maioria das relações pai e filho, mas André confessa que o facto de estarem os dois ligados pela música, o facto de o ter, durante muitos anos, acompanhado na Filarmónica da Pampilhosa, fez com se tornasse ainda mais forte. «A música intensificou ainda mais o laço» conta, Por isso, no dia em que o pai, chegado de um funeral, lhe disse que seria boa ideia ele criar um projeto de música ao vivo neste tipo de cerimónias, André Pleno pensou que talvez fizesse sentido aceitar este desafio.
Desenhou um projeto - Pleno D’Art - foi apresentá-lo a várias funerárias do seu concelho (Mealhada) e foi quando estava quase a desistir após tantas portas batidas, que Vítor Andrade, da Funerária de Famalicão, em Anadia, se mostrou interessado neste projeto.
E o responsável pela funerária não podia estar mais satisfeito. Na verdade, como partilha ao Diário de Coimbra, poder ter um serviço diferenciado com música nos seus funerais já era algo que fazia parte dos planos. «Mas estava fora de questão ter CD, cassetes ou colunas de som» num momento tão íntimo. Por isso, quando o André Pleno lhe “bateu à porta” com o desafio de tocar ao vivo nas cerimónias fúnebres, achou que era «exatamente isso» que procurava e aceitou a parceria.
O que é certo é que, em apenas dois meses, são já mais de 20 os funerais que contaram com a presença do músico, o que é a prova de que o serviço está a ser bem aceite. «O André tem muita sensibilidade e muita qualidade e isso faz a diferença», afirma, convicto, confessando que, apesar de acreditar no projeto desde a primeira hora, a experiência está a superar as expectativas.
«Há “velhinhos” que no final das cerimónias vêm ter comigo a dizer-me que já avisaram os filhos que também querem música nos seus funerais», diz o responsável pela Funerária Famalicão, confirmando o «ambiente especial» que André Pleno proporciona, com a sua música, à cerimónia, à família e amigos de quem morre, garantindo que é sempre «um momento muito especial e emotivo».
«Até nós, que estamos a trabalhar, nos emocionamos com o que ele faz», afiança o responsável, recordando, por exemplo, um momento em que, à saída da missa, André Pleno interpreta na sua flauta transversal “Love of my life”, dos Queen ( a banda preferida da pessoa falecida) «e toda a família saiu da igreja a cantar».
André Pleno explica que o seu serviço tem duas vertentes diferentes. A família poderá escolher os temas que gostaria que fizessem parte do momento, para serem interpretadas antes e após a cerimónia religiosa. E, nesse caso, além de Queen, já interpretou temas de Led Zeppelin ou Demis Russos, entre outros. Para além disso, está a seu cargo, após conversações com o padre da respetiva paróquia, escolher o repertório musical da cerimónia religiosa.
«Faço questão de ser discreto. Muitas vezes estou no coro da igreja e ninguém sabe onde estou. O que importa é o poder da música e que ela possa ser uma homenagem», explica André Pleno, disponível para, além da parceria com a Funerária Famalicão, poder prestar este serviço a todos quantos estejam interessados.
O músico, atualmente maestro da Associação Filarmónica de Luso, desafio que abraçou há três anos, assim como professor de flauta transversal e formação musical, tem a funcionar o projeto Pleno D’Art, no qual se insere este serviço em funerais, mas também em casamentos e batizados.
Mais informações sobre este projeto estão disponíveis nas várias redes sociais, nomeadamente no Facebook, https://
www.facebook.com/plenodart.flauta/, Instagram ou whatsapp, para o número 967 116 754..