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Casa Museu de “sentidos” traz ao presente a vida e obra de Carlos Reis

Casal da Lagartixa abriu oficialmente portas, mantendo o máximo da originalidade da casa que foi do pintor Carlos Reis, um espaço que agora se abre à cultura nas suas múltiplas facetas

Reputado pintor, mestre do naturalismo, Carlos Reis foi também um apaixonado pela Lousã. A terra não era a sua de origem, mas fez sua de coração. Ali, na transição entre a vila e a serra, fez casa onde viveu toda a vida, a mesma que o Município da Lousã recuperou e devolveu à cultura. Ontem foi dia de inauguração da chamada Casa Museu Carlos Reis - Casal da Lagartixa.

Carlos Reis nasceu há precisamente 161 anos. Ontem, fez uma viagem ao presente, através de uma encenação, onde o próprio pintor - que foi também muitas outras coisas - devidamente trajado à época, abriu as portas da sua casa. Da sua “nova” casa, reconstruída com o rigor máximo para manter todos os elementos que possam constituir uma ligação ao dono, não só aos objetos e mobiliário que foram seus, mas também aos cheiros que ali deixou no momento da sua saída definitiva.

«É a casa que certamente Carlos Reis teria deixado quando fechou a porta, os mesmos cheiros, o mesmo ambiente», disse Henriqueta Oliveira, vice-presidente da Câmara da Lousã, sobre um projeto que, acima de tudo, procurou manter o mais possível a sua originalidade. «Aqui não há paredes lisinhas, vamos encontrar uma casa rugosa, com as rugas do tempo», disse ainda a vice-presidente, elencando alguns dos objetivos deste novo projeto cultural: preservar, conservar e valorizar a casa de Carlos Reis, promovê-la como espaço vivo e aberto à cultura e às experiências culturais, como residências artísticas, apostar em tecnologias como uma outra forma de comunicação com o público, entre outros.

A tecnologia - em contraste com o restante património - marca presença no acesso ao atelier do artista que, por não poder integrar a candidatura, tem a sua reabilitação marcada para uma outra fase do projeto, pelo que o atelier é conhecido com recurso à realidade virtual, onde a entrada se faz por uma «porta digital».

«Toda a aposta feita na reabilitação pretendeu manter o escrupuloso respeito pela matriz de origem», argumentou Henriqueta Oliveira, explicando que todas as escolhas foram validadas pelo bisneto de Carlos Reis, envolvido desde a primeira hora.

Raimundo Mendes da Silva, professor e especialista em reabilitação de edifícios da Universidade de Coimbra, fez o estudo detalhado do edifício para que as escolhas fossem as melhores. Apresentou as suas conclusões e ontem não teve dúvidas em afirmar que a casa de Carlos Reis é um apelo «aos cinco sentidos», onde «debaixo de cada pedra e de cada tábua do soalho» há algo escondido.

O presidente da Câmara da Lousã, Luís Antunes, reconheceu que o processo foi longo, mas o objetivo foi «devolver a casa à comunidade, mas fazê-lo da forma adequada», considerando que este «é mais um passo na valorização do concelho».

Novembro 1, 2024 . 19:08

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