Valência pede 31.000 ME para primeiro pacote de ajudas
A região espanhola de Valência pediu "um primeiro pacote de ajudas" ao Estado central para reconstrução e minimização dos efeitos das inundações da semana passada, no valor de 31.400 milhões de euros, o equivalente ao orçamento autonómico anual.
Os 31.400 milhões de euros destinam-se a aplicar 136 medidas para "reconstruir e relançar" zonas afetadas pelo temporal, assim como "paliar os efeitos" das inundações, disse o presidente do governo regional da Comunidade Valência, Carlos Mazón, depois de uma reunião do executivo na segunda-feira à noite.
Carlos Mazón pediu ao Governo de Espanha verbas para ajudas diretas a pessoas cujas casas e carros ficaram destruídos pelas águas ou para reconstrução de infraestruturas e de parques empresarias e industriais, a maioria localizados na periferia da cidade de Valência.
A Comunidade Valenciana pediu ainda financiamento para obras que previnam novas inundações no futuro.
Os 31.400 milhões de euros pedidos por Mazón são praticamente equivalentes ao orçamento deste ano da Comunidade Valenciana, a quarta maior em termos de população das 17 que tem Espanha.
Segundo as autoridades regionais, o temporal afetou 69 municípios e pelo menos 200 mil pessoas da província de Valência.
Carlos Mazón está a ser o principal alvo de críticas por causa das inundações, tanto por os alertas da proteção civil prévios terem chegado tarde à população, como na gestão posterior ao temporal e na resposta às populações no terreno.
O presidente autonómico disse na segunda-feira à noite ser consciente de "toda a indignação" e da "raiva que existe", mas que este é o momento "das respostas e dos recursos" e de as administrações trabalharem em conjunto por "soluções e certezas".
No dia anterior, no domingo, a indignação das populações em relação às autoridades e aos políticos foi expressa na localidade de Paiporta, durante uma visita dos Reis de Espanha, Felipe VI e Letizia, do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e do próprio Carlos Mazón.
A população recebeu a comitiva com gritos de "assassinos" e "fora daqui" e com o lançamento de lama, incluindo aos monarcas, numa situação considerada inédita ou, pelo menos, muito rara nos últimos 40 anos, desde que foi restaurada a democracia e a monarquia em Espanha.
Sánchez (socialista) e Mazón (do Partido Popular) abandonaram o local, de onde foram retirados por seguranças, enquanto Felipe VI e Letizia prosseguiram a visita pelas ruas de Paiporta, falaram com a população e abraçaram várias pessoas, mesmo após os insultos e de terem sido atingidos por lamas.
O leste de Espanha, em especial a região de Valência, foi atingido na terça-feira da semana passada por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse Sánchez no sábado, reconhecendo haver uma “situação trágica” e uma resposta insuficiente, mas a lembrar que a coordenação e os pedidos de meios cabe às autoridades autonómicas.
Há até agora 217 mortos confirmados e famílias continuam a procurar pessoas desaparecidas, segundo as autoridades.