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Escola Martim de Freitas testa projeto dos manuais digitais

O projeto-piloto dos Manuais Digitais aponta para um sistema híbrido que permite trabalhar com metodologias ativas que tornam o aluno mais autónomo. Mas há vozes discordantes da mais-valia do projeto.

Na sala de aula do 4.º ano, os alunos fazem as suas aprendizagens, com recurso aos manuais digitais, mas também com os seus cadernos diários e com os seus cadernos de atividades. E se se pensa que a secretária do aluno apenas tem o computador, onde o aluno tem acesso aos manuais digitais, desengane-se. Há livros em papel, até porque todos os dias na Martim de Freitas, se cumprem os «10 minutos a ler», um projeto que convida todos à leitura em voz alta, e a partir de um livro à escolha dos alunos que o levam para a escola.

E as aulas vão-se desenrolando com os alunos a fazer as suas aprendizagens a partir do «trabalho colaborativo, em que recorrem ora ao manual digital, ao qual têm acesso a partir do seu computador, ora à projeção para o quadro interativo, «sempre numa lógica de trabalho colaborativo entre professor e aluno ou mesmo, entre alunos», como referiu Luís Gonçalves, o diretor do Agrupamento de Escolas Martins de Freitas para quem a aposta neste projeto-piloto «é uma mais valia» para os alunos. Numa das aulas do 4.º ano, o Diário de Coimbra teve oportunidade de ver como os alunos fazem as suas pesquisas no manual digital, ou como podem consolidar as aprendizagens no próprio manual digital, mas também no caderno diário ou mesmo no caderno de atividades, através da escrita. Mas o Diário de Coimbra também ouviu a opinião dos alunos. Alguns deles confessaram que gostam de trabalhar com o computador, mas preferem ler no papel. Já na sala do 6.º ano, as opiniões dividem-se. Há alunos que dizem não gostar dos manuais digitais, pois apontam dores de cabeça e cansaço dos olhos, e outros apontam algumas dificuldades com os acessos à internet, mas há ainda quem prefira os manuais digitais, dizendo que as vantagens são a facilidade em corrigir os exercícios, os jogos de aprendizagem e o facto de as mochilas não ficarem tão pesadas.

De facto, as opiniões dividem-se também entre professores e pais, com várias petições a decorrer e uma em particular, dirigida à Escola Martim de Freitas, a pedir o fim do PPMD. Na Escola Martim de Freitas, uma das professoras do 1.º ciclo, com mais de 40 anos de docência, refere que «é clara a mais valia para os alunos que é trabalhar com os manuais digitais». A professora diz mesmo que «há uma maior interação com o aluno, que vai ganhando autonomia e vai adquirindo novas competências». Relativamente a uma das críticas apontadas ao projeto piloto, que aponta o tempo excessivo à frente dos écrãs, a professora é peremptória em afirmar que «dentro da sala de aula, o professor tem autonomia, conhecimento científico e competências pedagógicas para fazer um equilíbrio entre o recurso ao digital e o recurso ao papel, até porque o papel é muito importante para as aprendizagens e nós, o que temos aqui, com este projeto projeto piloto é um sistema híbrido».

Petição contra excessiva digitalização e massificação dos manuais digitais

Tempo excessivo à frente dos écrãs, dificuldades de aprendizagem, riscos acrescidos para a saúde física, mental, social e desempenho escolar, fonte de distração e dispersão para outros conteúdos não letivos são alguns dos problemas enunciados na petição que um grupo de pais vai apresentar à direção do Agrupamento de Escolas Martim de Freitas «para que abandone o PPMD, pois «é inaceitável a continuação de uma experiência que coloca em risco a aprendizagem e a saúde das crianças», como se pode ler na petição. Catarina Prado e Castro, uma das co-autoras e subscritoras da petição que conta já com mais de 400 assinaturas, referiu ao Diário de Coimbra que, além dos graves problemas operacionais associados ao projeto piloto que, em seu entender «condiciona o direito à igualdade de oportunidades», a massificação da digitalização traz outros problemas mais graves.

Novembro 6, 2024 . 15:22

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