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Diabetes continua a aumentar em Portugal. De mãos dadas com a obesidade

A diabetes tipo 2 continua a aumentar nos países ocidentais e Portugal não foge à regra, justificando uma aposta transversal na prevenção. Já na diabetes tipo 1 (auto-imune) o desafio está em disponibilizar as mais modernas bombas de insulina

Os mais recentes números da diabetes em Portugal reportam-se a dados de 2021 e revelam que 14,1% das pessoas com idades entre os 20 e os 79 anos têm diabetes (deixando assim de fora uma faixa etária ainda mais elevada, onde a prevalência é também maior). Mas, na realidade, se juntarmos todas as pessoas com algum grau de intolerância à glicose - com diabetes ou pré-diabetes - chegamos a 42,7% da população adulta. Um número «avassalador», concorda a diretora do Serviço de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo (SEDM) da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, Leonor Gomes.
A diabetes tipo 2, a mais prevalente, está muito relacionada com a obesidade e com hábitos de vida pouco saudáveis. Segundo o último relatório do Instituto Ricardo Jorge, 67,6% da população adulta portuguesa tem excesso de peso e, destes, 28,7% tem obesidade. O sedentarismo, a alimentação hipercalórica, a hipertensão arterial, o tabagismo ou a privação de sono são fatores de risco modificáveis, ou seja, sobre os quais podemos atuar, prevenindo a doença.
Para Leonor Gomes, responsável por um serviço que ocupa o topo da diferenciação no que toca ao tratamento da diabetes, «a prevenção deve partir de uma consciência global da sociedade» e uma estratégia de intervenção a este nível «não é apenas desígnio da saúde, mas das escolas, das famílias, das instituições e do poder político».
A endocrinologista lembra que perder peso é, para a maioria destas pessoas com excesso de peso e obesidade, algo muito difícil e também caro. «Apesar de a obesidade ter sido considerada uma doença, os fármacos que a tratam ainda não são comparticipados e são muito dispendiosos atualmente em Portugal. É difícil apenas com alterações ao estilo de vida: incentivo à prática de exercício físico e alimentação adequada, porque existem mudanças epigenéticas difíceis de reverter». Controlar o fator de risco da obesidade, segundo Leonor Gomes, teria impacto em 70 a 80% dos casos de diabetes tipo 2. Sendo mais marcante em pessoas com história familiar desta doença, com atividade física regular e programada, controlando o peso, é possível prevenir o desenvolvimento de diabetes tipo 2 ou atrasar ao máximo o desenvolvimento das complicações associadas, explica a endocrinologista.
As complicações da diabetes podem dividir-se em dois grandes grupos: o das complicações microvasculares (de que são exemplo a retinopatia, a nefropatia e a neuropatia), que constituem as principais causas de cegueira, insuficiência renal e amputação dos membros inferiores; e o das complicações macrovasculares, que incluem a doença arterial coronária, doença cerebrovascular e a doença arterial periférica e são as principais responsáveis pela morbilidade e mortalidade nos diabéticos. «Muitas pessoas acabam por falecer de enfarte do miocárdio ou de acidente vascular cerebral», repara Leonor Gomes.

Novembro 12, 2024 . 12:19

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