Estudo sobre a Diabetes, a nível mundial, conta com participação de docente da UC
Os resultados de uma recente investigação à escala global, publicados no prestigiado periódico científico The Lancet, revelaram que a taxa global de diabetes em adultos, do tipo 1 e 2 combinados, duplicou de aproximadamente 7% para cerca de 14% entre 1990 e 2022, com o maior aumento a ser registado nos países de baixo e médio rendimento. Aristides M. Machado-Rodrigues, docente da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra (FCDEF-UC) e coautor desta publicação, referiu que “este estudo destaca o aumento das desigualdades globais na diabetes, com taxas de tratamento estagnadas em muitos países de estatuto socioeconómico médio-baixo, onde o número de adultos com diabetes está a aumentar drasticamente”.
A análise global dos dados mostrou que “dos 828 milhões de adultos com diabetes em 2022, mais de um quarto (212 milhões) viviam na Índia e outros 148 milhões na China, seguidos pelos EUA (42 milhões), Paquistão (36 milhões), Indonésia (25 milhões) e Brasil (22 milhões). Estes dados contrastam com as taxas mais baixas da diabetes em 2022 nos países da Europa Ocidental (França, Dinamarca, Espanha, Suíça e Suécia) e da África Oriental (Uganda, Quénia, Malawi e Ruanda) para ambos os sexos, e no Japão e no Canadá para as mulheres.” revelou o investigador Aristides Machado-Rodrigues. Entretanto, o coordenador do estudo, o Professor Majid Ezzati, do Imperial College London, reforçou que: “O nosso estudo destaca que durante as últimas 3 décadas, as taxas de tratamento da diabetes estagnaram nesses países de baixo rendimento, resultando em quase 450 milhões de adultos com idade igual ou superior a 30 anos com diabetes em todo o mundo (59%) que não receberam tratamento em 2022. Isto é especialmente preocupante porque as pessoas com diabetes tendem a ser cada vez mais jovens nos países de baixo rendimento e, na ausência de tratamento eficaz, correm um risco aumentado de complicações ao longo da vida – incluindo a amputação, doenças cardíacas, danos renais ou a perda de visão – ou em alguns casos, a morte prematura.”
Este estudo providencia uma informação altamente detalhada das taxas globais da diabetes que duplicaram tanto nos homens (6,8% em 1990 para 14,3% em 2022) como nas mulheres (de 6,9% para 13,9%). Com o impacto adicional do crescimento populacional e do envelhecimento, isto equivale a cerca de 828 milhões de adultos com diabetes em 2022, um aumento de aproximadamente 630 milhões de pessoas em relação a 1990 – esclarecem os autores do estudo. Entretanto, as pessoas que vivem na América do Norte, na Australásia, na Europa Central e Ocidental e em algumas partes da América Latina, da Ásia Oriental e do Pacífico registaram uma melhoria significativa nas taxas de tratamento da diabetes entre 1990 e 2022, contribuindo para o agravamento das desigualdades globais no tratamento da diabetes.
Este novo estudo, coordenado pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC), em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (WHO), é a primeira análise global das tendências da prevalência e do tratamento da diabetes que incluiu mais de 140 milhões de pessoas, com idade superior a 18 anos, provenientes de mais de 1000 estudos populacionais de diferentes países. A Universidade de Coimbra esteve representada pelo investigador da FCDEF-UC, Aristides M. Machado-Rodrigues.
O artigo científico pode ser consultado:
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(24)02317-1/fulltext