Mudanças no Pediátrico estão a causar o caos no estacionamento

Crianças a chegar atrasadas a consultas e algumas a terem necessidade de serem remarcadas. Famílias a optar por recorrer ao pedido de credencial para ambulância, em vez de se deslocarem de transporte próprio, com ónus extra para o Estado. Já para não falar na dor de cabeça que está a ser, para funcionários e utentes, encontrar um lugar para estacionar e no aumento “exponencial” do valor a pagar por quem opta por um lugar no parque subterrâneo...

As alterações no estacionamento no Hospital Pediátrico estarão a ser tudo menos pacíficas e utentes e funcionários não escondem a revolta pelo caos que está a ser arranjar um lugar para o carro, antes de uma consulta ou de um dia de trabalho. O ónus da questão está no facto de a gestão do estacionamento estar entregue a uma empresa - SUCH - e já não ao hospital, o que significa uma alteração (para bem mais caro) do valor a pagar por quem estaciona no parque subterrâneo.

Uma funcionária do Pediátrico, que preferiu não se identificar, garante ao Diário de Coimbra que, antes destas mudanças de preço, pagava 4,50 euros por dia para deixar o carro no parque pago. Neste momento, está a pagar 10 euros (mais do dobro), «uma coisa incomportável», diz.

O novo tarifário, visível à entrada do estacionamento, deixa bem claras as alterações. Se antes a primeira meia hora era gratuita, neste momento são cobrados 50 cêntimos nos primeiros 15 minutos, 40 cêntimos nos seguintes e 30 cêntimos de 15 em 15 minutos, até à saída.

Consequência desta alteração? Muitas famílias e funcionários estão a optar por deixar os carros na rua, aumentando a confusão no estacionamento e na circulação automóvel, como ontem confirmou o Diário de Coimbra ao deslocar-se ao Pediátrico.

A situação torna-se ainda mais problemática com as obras do metrobus, a decorrer no local, e ainda com o facto de ter sido cortado o estacionamento gratuito no acesso à zona de serviços (acesso antes das Urgências), que agora passa também a ser pago.

Ao Diário de Coimbra, uma outra funcionária garante que tem recebido muitas queixas, de outros colegas e de utentes do hospital e que está, desde o início das alterações no estacionamento, a ter que remarcar consultas ou a ter doentes a chegar atrasados às consultas.

«Estamos a falar num estacionamento que, na primeira hora custa até 1,5 euros até um máximo de 10 euros por dia. Os pais das crianças têm manifestado imenso desagrado, porque de um momento para o outro passaram a ser cobrados valores significativamente elevados. Para além disso, acho inconcebível que sendo as crianças isentas de taxas moderadoras na prestação dos cuidados de saúde, tenham de pagar para terem acesso aos mesmos...», disse.

A mesma funcionária afirma que é umas das poucas «privilegiadas» que tem pago, até janeiro de 2025, um lugar de estacionamento no parque subterrâneo, mas garante que representa «20% dos funcionários do hospital». «Cerca de 80% deixou de ter direito ao cartão [com uma anuidade de 100 euros] e tem mesmo de se “desenrascar” nas imediações do hospital ou a pagar», confirma. lamentando que a mudança só esteja a prejudicar o funcionamento do hospital.

A ULS de Coimbra reconheceu a existência de «constrangimentos» no estacionamento no Pediátrico e confirma que a partir de hoje o estacionamento onde foram colocadas cancelas (e que passaria a ser pago) volta a ser gratuito e acessível a profissionais. Informa ainda que «não houve qualquer alteração ao tarifário para funcionários nem haverá até 31 de janeiro», entrando o novo tarifário em vigor apenas a partir de 1 de fevereiro, estando o respeitante a funcionários «ainda em discussão».