Direitos dos surdos ainda estão aquém do necessário
O 2.º e 3.º anos do curso em Língua Gestual Portuguesa (LGP), da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), celebrou o dia de uma forma divertida, mas no qual não passou despercebida a sensibilização e preocupação quanto aos desafios, problemas e a (pouca) inclusividade dos surdos. «É um dia que importa assinalar na sociedade. A Língua Gestual Portuguesa é a língua natural para os surdos. Não lhes permitir gestuar traz uma série de obstáculos e entraves como é natural», explicou Amílcar Cabral, docente de uma das cadeiras do curso de LGP.
Sendo o professor também ele surdo foi perentório na defesa por uma aprendizagem da Língua Gestual «por todos».
«Os surdos nascem no seio de uma sociedade ouvinte e nós sabemos que nos temos que adaptar, mas a sociedade ouvinte também tem que se adaptar a nós», afirmou, acrescentando que as pessoas surdas ainda têm várias dificuldades no seu dia a dia para se comunicarem sem intérprete.
Segundo a Associação Portuguesa de Surdos, falamos de um universo de 30 mil pessoas que, sendo surdas, utilizam a LGP. Esta que é uma das línguas oficiais em Portugal, desde 1997, ano em que entrou na legislação portuguesa.
Apesar de existirem programas de inclusão a nível nacional, Amílcar Morais afirma que «continua a existir a exclusão, o preconceito e um certo constragimento» para com os surdos que, muitas vezes, atravessam dificuldades no seu dia a dia, por exemplo, «para resolver coisas nos serviços públicos».
«Existem medidas políticas para a inclusão das pessoas surdas, mas na verdade sentimos que não se materializam», afirmou.
Para além de um conjunto de espetáculos sobre diversas temáticas dinamizadas pelos alunos de 2.º e 3.º anos do curso em LGP, alguns deles foram ensinar a gestuar os jogadores da Académica (ver página 20) como forma de chamar a atenção para a importância de tornar a língua gestual acessível a todos