Festival XXX Caminhos do Cinema promete uma programação imersiva

O dia de hoje no Festival XXX Caminhos do Cinema promete uma programação imersiva, com destaque em obras que atravessam experiências culturais, reflexões históricas e narrativas de impacto emocional. As sessões no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e na Casa do Cinema de Coimbra (CCC), ganham ainda mais cor com a presença de realizadores e convidados especiais, que fomentam conversas envolventes e perceções introspetivas profundas sobre os filmes exibidos.

«Banzo», de Margarida Cardoso no Teatro Académico de Gil Vicente
Às 14h30, a Seleção Ensaios reúne curtas que exploram memórias e identidades, com destaque para «Rostos de Casa», de Sofia Afonso, que retrata uma casa repleta de lembranças, seguida de uma conversa da realizadora com a programadora Ana Marques. Em «O Senhor do Porto», Tânia Sofia da Costa Marques narra as transformações da cidade através dos olhos de um habitante que viveu a sua história. «Só Depois do Fim», de João Mendes Pinto, evoca a nostalgia de um último encontro numa danceteria, enquanto «Férias de Agosto», de Luís Afonso de Matos, revive as férias de infância no Alentejo. O programa inclui também «Nostalgia», de Nina Kormann, uma reflexão sobre memórias, e «The Time Permeates on the Street», de Soo Min Park, com uma abordagem única sobre o teatro e os reencontros.

Às 19h00, a Seleção Caminhos apresenta «Salerno Goulette», de Fábio Penela, com a presença do realizador. O filme segue Sami numa travessia de ferry entre Salerno e Goulette, evocando temas como o regresso e as expectativas. «Death of a Mountain», de Nuno Escudeiro, investiga a destruição ambiental através da lente de uma montanha em perigo iminente.

Numa reinterpretação trágica e atual, às 17h00 passa «Ubu», de Paulo Abreu, uma adaptação da icónica peça de Alfred Jarry. A narrativa, grotesca e absurda, segue a ascensão e queda de Ubu, que, incitado pela esposa, usurpa o trono e leva o país à ruína. A obra conta com a presença do ator Dinarte Freitas, numa conversa moderada por Leonor Lloret, curadora e investigadora que se dedica ao diálogo entre arte, paisagem e sustentabilidade cultural.

Às 21h30, é possível assistir a um dos grandes filmes deste ano, de acordo com a crítica:  «Banzo», de Margarida Cardoso. Em 1907, Afonso recomeça a vida numa ilha tropical africana como médico de uma plantação, onde terá de curar um grupo de serviçais infectados pelo Banzo, a nostalgia dos escravos. Morrem às dezenas, de inanição ou suicidando-se. Por receio de contágio, o grupo é enviado para um morro chuvoso, cercado por floresta. Ali, Afonso tenta curar os serviçais, mas a incapacidade de entender o que lhes vai na alma revela-se mais forte que todas soluções.O filme será comentado pelo historiador Sumaila Jaló, cujo trabalho mergulha na herança colonial portuguesa e nas complexidades do anticolonialismo em África. Sumaila Jaló, investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra.

Casa do Cinema de Coimbra — Diálogos Visuais e Propostas Intrigantes
Às 15h00, a Seleção Filmes do Mundo traz «Group Picture», de Tommaso Frangini, e «To Our Friends», de Adrián Orr, obras que exploram relações e momentos de transição na vida contemporânea. Às 22h00, a Seleção Outros Olhares apresenta «O Jardineiro do Convento», de Patrícia Neves Gomes, e «Caixa de Resistência», de Concha Barquero e Alejandro Alvarado, que desafiam as narrativas tradicionais.

Turno da Noite
A fechar o dia, às 23h59, o Turno da Noite exibe curtas como «Maelstrom», de Pedro M. Afonso, «Na Hora Errada», de Ana Isabel Braga, e «Parem de Olhar para Mim», de Carolina Aguiar, que retratam questões de identidade, violência e autoafirmação abordadas de forma intensa e visualmente inovadora.

Com uma programação rica, que promove o pensamento e reflexão sobre temas profundos, o dia de hoje no Festival XXX Caminhos do Cinema promete experiências cinematográficas memoráveis e discussões  que conectam passado e presente.