Investigadores criam sistema de lubrificação sustentável para aplicações mecânicas
Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveram um sistema de lubrificação sustentável que melhora consideravelmente a resistência ao desgaste e à corrosão em aplicações mecânicas, anunciou hoje aquela instituição de ensino superior.
O responsável pela criação deste sistema, desenvolvido no âmbito do projeto internacional “LubEnergy”, é o investigador do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da FCTUC e do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE) Fábio Ferreira, revelou a FCTUC em nota enviada à agência Lusa.
“Esta investigação surgiu com o objetivo de melhorar os componentes mecânicos, pois cada vez mais temos a problemática do atrito e do desgaste, que consequentemente conduz a um maior gasto de energia”, explicou Fábio Ferreira.
Nos automóveis, por exemplo, se o motor tem muito atrito, gasta mais combustível para poder mover os componentes e o carro andar.
Assim, assegurou, ao integrar revestimentos de carbono tipo diamante dopados com gadolínio (Gd-DLC) com líquidos iónicos, além de melhorar em quase 50% a performance desses componentes, foram abordadas as preocupações ambientais associadas a aditivos lubrificantes convencionais, como dialquilditiofosfatos de zinco (ZnDTPs).
“Os lubrificantes tradicionais dependem de aditivos que podem ter impactos ambientais negativos devido aos altos níveis de fósforo, enxofre e zinco”, esclareceu o líder do projeto, frisando que o objetivo era desenvolver uma alternativa mais sustentável que não comprometesse o desempenho.
A investigação envolveu o desenvolvimento de revestimentos de DLC com concentrações variadas de gadolínio para melhorar as suas propriedades de resistência ao desgaste.
“Quando combinados com líquidos iónicos específicos, os revestimentos de Gd-DLC não só reduziram o desgaste, como também forneceram excelente proteção contra corrosão, mesmo na presença de líquidos iónicos contendo brometos, que geralmente corroem superfícies de aço”, sustentou a FCTUC.
De acordo com Fábio Ferreira, as técnicas de análise de superfície revelaram que a presença de gadolínio facilita a adsorção de iões de fosfato dos líquidos iónicos na superfície do DLC, resultando na formação de tribofilmes ricos em fósforo que aumentaram a resistência ao desgaste.
“A investigação desenvolvida tem implicações significativas para várias indústrias que procuram melhorar o desempenho mecânico enquanto reduzem o impacto ambiental”, sublinhou.