Arganil lança sementes para criação de uma nova floresta
O município de Arganil assinalou ontem o Dia da Floresta Autóctone com uma visita de campo às plantações de pinheiro-bravo e carvalho e castanheiro, com destaque para a parcela situada em Vinhó, União das Freguesias de Vila Cova de Alva e Anceriz, com o objetivo de mostrar o trabalho já efetuado no âmbito deste projeto de povoamento misto (iniciado em janeiro de 2021), que, atualmente, já se encontra numa fase de manutenção.
Esta visita de campo permitiu, igualmente, avaliar no terreno o «impacto atual deste projeto inovador de gestão florestal» e perceber como, ao longo de 40 anos, o mesmo vai «transformar a paisagem do concelho, promovendo uma floresta mais resiliente e sustentável».
O projeto “Floresta Serra do Açor” (FSA) — que junta o Grupo Jerónimo Martins – financia o mesmo no valor de 5 milhões de euros -, a Câmara Municipal de Arganil, as associações que reúnem os proprietários de terrenos baldios e a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) — prevê a plantação de 1 milhão e 800 mil árvores maioritariamente autóctones em 2.500 hectares até 2026, devolvendo, desta forma, à Serra do Açor a sua vitalidade natural e preparando-a para enfrentar os desafios ambientais do futuro. A conjugação de esforços de entidades tão diversas, num projeto que pretende criar, acompanhar e gerir de forma integrada a floresta, é, segundo os seus responsáveis, «inédita em Portugal».
O projeto decorre numa perspetiva de muito longo prazo, num horizonte temporal de 40 anos e a recuperação da floresta está pensada de forma a que sejam também criadas novas fontes de rendimento para as populações locais, enquanto a biodiversidade das florestas é preservada.
«A importância deste projeto é, de facto, extraordinariamente elevada. E é elevada em vários aspectos e tem, efetivamente, esta aposta em termos uma floresta que seja resiliente aos incêndios», frisou Luís Paulo Costa.
«Estas árvores que visitámos, excluindo a questão do pinheiro-bravo, as autóctones do carvalho e castanheiro, são espécies que não ardem com a mesma facilidade que o pinheiro-bravo e que o eucalipto, por isso, estamos a apostar também na redução do impacto dos incêndios e com uma visão de conseguirmos ter uma floresta com capacidade autorregenerativa», sublinhou o presidente da Câmara de Arganil.
A ESAC está a dar suporte académico a todo este projeto e nesse âmbito, Raúl Salas-Gonzalez, assumiu que o trabalho desenvolvido «não é apenas a plantação», vai muito «mais além do que isso». «Porque se abandonarmos as plantas a esta idade não terão sucesso nenhum», vincou o académico. Por isso é necessário fazer a intervenção, o acompanhamento e o inventário florestal.|