Israel contabiliza 250 'rockets' disparados hoje a partir do Líbano
Cerca de 250 ‘rockets’ foram disparados hoje contra Israel a partir do Líbano pelo movimento xiita libanês Hezbollah, indicou o Exército israelita à agência France Presse (AFP), um dos números mais elevados das últimas semanas.
Segundo o Exército, o maior número de projéteis, 350, tinha sido registado em 24 de setembro deste ano, um dia após a intensificação pelas forças israelitas da sua operação no Líbano e pouco menos de uma semana antes de iniciarem uma incursão terrestre no sul do país.
O Hezbollah anunciou hoje, por seu lado, vários ataques com ‘drones’ e mísseis contra alvos e bases militares na região de Telavive (centro) e no sul de Israel, em resposta a fortes bombardeamentos israelitas no Líbano, incluindo à capital do país, Beirute.
Em Israel, soaram sirenes de alerta, sobretudo nos subúrbios de Telavive, de acordo com o Exército, dando conta de cerca de 250 projéteis disparados a partir do Líbano, dos quais parte foi intercetada mas alguns deixaram danos e pelo menos um ferido grave.
Pouco depois, a Agência Nacional de Notícias Libanesa (ANN) relatou dois ataques israelitas que atingiram os subúrbios sul de Beirute.
“É a partir de edifícios [no subúrbio sul] que o Hezbollah (…) dirige as suas atividades terroristas para prejudicar os cidadãos de Israel”, justificou o Exército israelita, que acusa o grupo armado libanês apoiado pelo Irão de se instalar intencionalmente entre civis.
A ANN também noticiou intensos combates em várias regiões do sul do Líbano, onde o Hezbollah afirmou ter destruído hoje seis tanques Merkava israelitas.
Por seu lado, o Exército libanês, que não está envolvido nesta guerra, condenou a morte de um militar e outros 18 feridos num ataque israelita a uma posição no sul do Líbano, um bastião do Hezbollah, na fronteira com o norte de Israel.
Israel já lamentou o ataque e disse que está a investigar este incidente com as forças militares libanesas.
"Vemos apenas um caminho possível: um cessar-fogo imediato e a plena implementação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU", defendeu hoje o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, sobre a escalada militar, após conversações com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e o presidente do parlamento, Nabih Berri, em Beirute.
A Resolução 1701, que pôs fim à guerra anterior entre Israel e o Hezbollah em 2006, estipula que apenas o Exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU sejam destacados para a fronteira sul do Líbano, que tem sido nos últimos meses uma área de atuação quer do grupo armado xiita quer das tropas israelitas, que iniciaram em 01 de outubro uma incursão terrestre na região.
Após um ano de violência transfronteiriça e depois de ter enfraquecido o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, as forças israelitas transferiram o foco das suas operações para o Líbano, lançando uma intensa campanha de bombardeamentos desde 23 de setembro contra líderes e instalações do Hezbollah e procurando neutralizar a capacidade do grupo xiita de lançar projéteis contra Israel.
“Devemos pressionar o Governo israelita e manter a pressão sobre o Hezbollah para que aceite a proposta de cessar-fogo americana”, disse hoje Borrell, sublinhando que a União Europeia está disposta a disponibilizar 200 milhões de euros para ajudar a fortalecer o Exército libanês.
Estes esforços de paz não têm tido eco nos protagonistas dos combates e, no sábado, o Líbano sofreu um dos dias de bombardeamentos mais intensos desde o início desta crise.
O Ministério da Saúde Pública do Líbano indicou hoje que 84 pessoas foram mortas em ataques israelitas em diferentes partes do país no dia anterior, incluindo 29 num ataque que teve como alvo um prédio de um bairro operário no centro de Beirute, que ruiu.