Faleceu o alfaiate Joaquim Mendes
Faleceu hoje, aos 92 anos, nos HUC, Joaquim Mendes, conhecido alfaiate de Meruge, recentemente agraciado com a medalha de mérito concelhio de Oliveira do Hospital.
Numa nota de pesar da Junta de Freguesia de Meruge, o executivo classifica Joaquim Mendes como «uma incontornável referência cultural e cívica».
«Quando já convalescia da intervenção cirúrgica de urgência a que tinha sido submetido nos HUC, o nosso querido amigo senhor Joaquim Mendes teve uma recaída inesperada e veio a falecer naquele estabelecimento hospitalar», lê-se na nota. Embora tenha nascido na localidade de Várzea de Meruge, no concelho de Seia, chegou a Meruge
com 9 meses de idade, onde passou a residir e a trabalhar. «Iniciou a aprendizagem da arte de alfaiate depois de ter feito o exame da 3ª Classe, por volta dos 11 anos de idade, na oficina do Mestre José Antunes», recorda o executivo, lembrando que «após cumprir o serviço militar em Lisboa, inscreveu-se na Academia de Corte Maquidal, na Rua da Palma, na capital, para apurar a destreza no “corte” e na confeção dos fatos por medida, o que lhe permitiu, com cerca de 22 anos de idade e ainda solteiro, estabelecer-se por conta própria».
Era o único alfaiate na região a trabalhar casacos e outras peças em cabedal. Foi ele, igualmente, quem confecionado os trajes para o Rancho Folclórico de Avô. «Contava 70 anos de estabelecimento com oficina própria e, apesar da idade e da falta de visão,
não dispensava a costura, nem que fosse para “pregar um botão”», revela a nota de pesar. «Evidenciou-se como poeta popular, arte que iniciou aos 54 anos de idade, tendo composto inúmeras letras para as Marchas da Freguesia de Meruge. Escreveu dois livros em prosa e em verso, com as suas memórias e foi actor e ensaiador de teatro», acrescenta. Após as primeiras eleições autárquicas de 1976, exerceu funções em várias mandatos,
nomeadamente como tesoureiro e secretário da Junta e presidente da Assembleia de Freguesia.
«Morreu um homem bom, uma referência incontornável da nossa Freguesia pelas suas qualidades de pessoa integra e elevada consciência cívica», conclui o executivo.