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Souto Moura: da “perplexidade” à satisfação por participar na expansão do Portugal dos Pequenitos

Apesar de lhe fazer impressão “liofilizar” edifícios, como se fossem sopas em caldos Knorr, o arquiteto aceitou criar um novo projeto a partir da “sua” Casa das Histórias Paula Rego. Um projeto “difícil” que se transformou num “laboratório interessante”

Eduardo Souto Moura recusa-se a dizer que o Portugal dos Pequenitos vai, a partir de 2027, ter uma réplica da Casa das Histórias Paula Rego, um Museu de Arte que tem a sua assinatura, muito premiado, e que pode ser visitado em Cascais. O que o arquiteto desenhou para o projeto de expansão do parque da Fundação Bissaya Barreto é «um outro projeto» que funciona em conjunto com os outros quatro que, em 2027, estarão à disposição dos visitantes num hectare do novo Portugal dos Pequenitos.

Foi assim, a pensar num novo projeto, a partir da Casa das Histórias Paula Rego, que Souto Moura ultrapassou a «perplexidade» com que recebeu o convite da Fundação Bissaya Barreto. «Faz-me impressão diminuir a escala de um edifício, o que eu chamo liofilizar, como aquelas sopas Knorr em que a sopa está dentro de um cubinho e, depois, com água, se transforma numa sopa à escala natural», explicou em entrevista ao Diário de Coimbra, no final da cerimónia de apresentação do projeto de expansão do Portugal dos Pequenitos.

Depois, confessa, espantou-se como o facto de «em 30 mil arquitetos existentes em Portugal» o terem escolhido a si para participar no projeto. De lá para cá, todos os espantos e perplexidades foram ultrapassadas. Primeiro, porque «o processo de laboratório de gestão e de gestação do projeto», que envolveu um trabalho em conjunto com os arquitetos Siza Vieira (Pavilhão de Portugal), Nuno Rosado, da ADAPT Arquitetos (Casa da Música), Luís Pedro Silva (Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões) e Falcão de Campos (Bar “À Margem”), «correu muito bem», confirma,

«Houve uma coordenação do arquiteto Siza, que é uma figura que sabe dizer as coisas e que sabe criticar e que soube melhorar algumas incorreções da personalidade dos arquitetos que é sempre forte», explica Souto Moura, sublinhando a importância do trabalho em conjunto entre arquitetos «e os seus egos» que «sacrificam tudo face à sua obra».

O que não significa que não tenha sido «um projeto muito difícil», confessa. «É muito mais fácil construir para uma escala que estamos habituados. Para termos referências para as crianças ficamos infantis e não podemos descer a esse nível», continuou Souto Moura, satisfeito por, no seu caso, ter tido que trabalhar com as duas vertentes: adultos e crianças.

«O edifício que fiz vai ter um uso, vai ter uma loja em que também vão entrar adultos, portanto tem de se agradar às duas escalas», explicou o arquiteto, não podendo, no final de todo o processo, estar mais satisfeito com o processo e o resultado final. «Foi um laboratório, que não acontece todos os dias. Muito interessante. Primeiro pelo edifício, em si, pela função ambivalente do edifício, e depois foi bom trabalhar com os colegas, em que todos têm de ceder alguma coisa», disse.

Além disso, há a «honra» de ter o seu nome envolvido num projeto que renova um «grande pólo de atração turística, nacional e estrangeira» e num espaço que também faz parte do seu imaginário: «lembrei das primeiras visitas, em que andei perdido entre os edifícios», rematou.

Novembro 26, 2024 . 18:17

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