Músicos Norberto Lobo e Ben Chasny em digressão no próximo ano para celebrar Paredes
O guitarrista português Norberto Lobo e o norte-americano Ben Chasny vão dar seis concertos por Portugal no próximo ano para celebrar a vida e obra de Carlos Paredes, no centenário do seu nascimento, foi hoje anunciado.
Em comunicado, as seis entidades responsáveis pela encomenda revelaram que os concertos começam três dias antes do aniversário de Carlos Paredes (1925-2004), em 13 de fevereiro, na Culturgest, em Lisboa, seguindo-se o gnration, em Braga, no dia 14, e o Auditório de Espinho, no dia 15.
No dia em que Carlos Paredes faria 100 anos, 16 de fevereiro, a dupla de guitarristas toca no Convento São Francisco, em Coimbra, estando também agendado já um concerto no dia 18 do mesmo mês no Teatro das Figuras, em Faro, e no festival Tremor, nos Açores, em abril, onde estarão em residência artística no começo do ano.
Como recordam as entidades parceiras, Ben Chasny (conhecido pelo projeto Six Organs of Admittance e enquanto guitarrista de Comets on Fire) “descobriu Paredes numa visita a Portugal e é o responsável por introduzir toda uma geração internacional à sua música”, tendo já dedicado uma canção ao músico de “Canção Verdes Anos” e estado por trás das reedições internacionais de dois discos de Paredes, pela Drag City, em 2011.
Já Norberto Lobo deu o título “Mudar de Bina” ao seu disco de estreia, de 2007, que, caso não se notasse pelo título a referência, continha uma dedicatória a Carlos Paredes.
Nascido em Coimbra em 1925 numa família de guitarristas, Carlos Paredes começou a acompanhar o pai, Artur Paredes, com 9 anos, com quem tocou, aos 14 anos, num programa semanal da antiga Emissora Nacional. Ao longo de décadas, foram inúmeros os trabalhos e os marcos que Paredes deixou na música, mas também no cinema e no teatro.
Carlos Paredes cresceu “num ambiente de discreta resistência e contestação política ao regime salazarista”, indica a biografia disponível no ‘site’ do Museu do Fado, que assinala a adesão do músico ao Partido Comunista Português (PCP) em 1958, ano em que foi preso pela polícia política e assim permaneceu durante 18 meses.
Funcionário do arquivo de radiografias do Hospital de São José, em Lisboa, entre 1949 e 1986, estreou-se em disco em nome próprio em 1962, como lembra a mesma biografia.
Dois anos antes, tinha composto a banda sonora da curta-metragem “Rendas de Metais Preciosos”, de Cândido Costa Pinto, na qual foi acompanhado por Fernando Alvim.
“A sua ligação ao cinema não se ficou por aqui e para além da música feita para ‘Os Verdes Anos’ (1962), que se tornou um dos seus ‘ex-libris’, e ‘Mudar de Vida’ (1966), [ambos] do cineasta Paulo Rocha, ou de ‘Fado Corrido’ (1964), realizado por Jorge Brum do Canto”, recorda o Museu do Fado.
O autor de “Movimento Perpétuo” colaborou com múltiplos artistas e escritores, destacando-se, entre outros, trabalhos com o baixista norte-americano Charlie Haden.
A última vez que atuou em palco foi em 1993, ano em que lhe foi diagnosticada uma doença degenerativa que o impediu de continuar a tocar. Carlos Paredes morreu em 2004.