A magia dos livros e das histórias infantis pela voz dos escritores
Uma manhã cheia de histórias na EB 1 de Santa Apolónia. Dia de conhecer uma escritora, «de carne e osso», pelo que a ansiedade ia crescendo. Mas eis que chega uma senhora, com umas caixas coloridas. Que traria ela? - questionavam os olhos curiosos da turma. Depois das apresentações, a sala começou a encher-se de cor, com os tapetes narrativos, os bonecos de pano, o avental contador de histórias, a caixa de sorrisos de mil e uma cores, enfim... muitos recursos com que a escritora Milu Loureiro se faz acompanhar para contar as suas histórias. Primeiro, conta aos meninos de onde vem e como começou a escrever histórias infantis. Uma decisão que surgiu pelo gosto pelas histórias infantis, já que foi professora bibliotecária na Escola Básica Integrada Ferrer Correia. Passo a passo, foi escrevendo histórias e histórias, como a do “Esquilo que amava as palavras e outras histórias”, “A mantinha de retalhos”, “El- Rei Comilão”, “Castanho e Branco”, “A manta que dava abraços” , “A Cidade que deixou de sorrir”, “Agostinho, o porco-espinho, Carminho, a porco-espinho” ou “Notícias Fora da Caixa”, entre muitas outras.
Mas para tornar as histórias «mais giras», a escritora confessou aos meninos que começou ela a fazer as ilustrações, depois a fazer os tapetes narrativos, com as personagens das suas histórias e até um avental que conta histórias, como os alunos do 3.º e 4.º anos da EB 1 de Santa Apolónia puderam ver, sobretudo com a história “A Cidade que deixou de sorrir”. O avental apresenta a «banca do vendedor de sorrisos, com sorrisos para todas as ocasiões». À medida que Milu Loureiro tira do avental - isto é, da banca de sorrisos - um e outro sorriso, um mais vibrante, outro mais tímido, a curiosidade dos meninos ia crescendo. Olhos atentos e ansiosos pelo fim da história: o magnata da cidade compra um saco de sorrisos e oferece à esposa que, apesar de admirada, acabou por gostar muita da prenda... e os sorrisos invadiram a vida de todos, até que se fez uma grande festa na cidade». Foi desta história que o Rodrigo e o João mais gostaram. Já toda a turma concordou que «o sorriso é contagiante».
Com a presença da escritora Milu Loureiro, as turmas do 3.º e 4.ºano, ainda puderam aprender novas palavras, com o “Notícias fora da caixa”, que mostrou aos meninos algumas lengalengas que podem transformar-se em notícias, porque têm os elementos necessários («o quê, quando, onde e quem»), além de lhes mostrar «a diversidade lexical da língua portuguesa», mostrando-lhes vários significados de uma palavra, que neste caso é “espanto”. «Ora vejam...», disse a escritora «Se tu lesses o que eu li, ficarias admirado...», a que junta outros conceitos, como o da geografia: «Um lobo a nadar calçado no estuário do Sado».
A palavra e a música
Foram estas e outras histórias que Milu Loureiro e outros escritores levaram às escolas do concelho de Coimbra, mas também a música, desta feita que, numa outra sala da escola e com os meninos e meninas do 1.º e 2.º anos, lhes mostrou como a palavra e a música estão ligadas. A partir da história “O Til é juba de leão” ou da letra da canção que fez para o Ronaldo, Amadeu Dinis da Fonseca «despertou o imaginário» dos mais pequeninos e levou-os a conhecer novas letras e novas palavras, mostrando-lhes como é que, ao longo do ano, vão aprendendo a conhecer as letras para que, daqui a dois ou três meses, já sabem ler. No seu tom amistoso e carinhoso, Amadeu Dinis da Fonseca deixou-lhes ainda outra mensagem clara: “Aprender a ler também ajuda a sermos bons uns para os outros”. E lançou outro desafio. Pedir aos pais para tocarem um instrumento, musical, pois como diz o ditado “Quem ‘toca’ seu mal espanta”, o compositor mostrou aos meninos que «cantar ou tocar faz nos bem a nós, mas também aos outros». No final, os alunos juntaram-se a Amadeu Diniz da Fonseca para “ensaiar” uma e outra das canções apresentadas, com destaque para a canção que dedicou a Ronaldo.
Componente solidária do festival para ajudar a Casa Acreditar
Ainda antes do Natal, a Goldenskill, a empresa promotora do Letra Corrida - Festival de Literatura Infanto- Juvenil, vai fazer a entrega de parte da receita com a venda dos livros à Casa Acreditar de Coimbra. Diogo Coelho referiu ao Diário de Coimbra que 10% do total da venda dos livros destina-se à vertente solidária do festival e neste caso à Acreditar, associação que apoia as crianças com doença oncológica, dos 0 aos 25 anos, e respetivas famílias.
Brigitte Seixas, gestora da Casa Acreditar, referiu ao Diário de Coimbra, que a Casa Acreditar tem sempre uma lista de necessidades, que é actualizada regularmente, pelo que a verba que receber no âmbito do festival, «destina-se a suprir as necessidades mais emergentes. Neste caso, precisamos de equipamento para a cozinha, que pelo uso constante, desgasta-se rapidamente e precisa de ser substituído. Vamos adquirir varinha mágica, picadora, caixas térmicas, toalhas, panos de cozinha, apenas para dar alguns exemplos ». Mas as necessidades são muito variadas. A Casa Acreditar tem 20 quartos e, para suprir todas as necessidades, conta com o apoio de donativos. Os interessados em ajudar podem contactar a Casa Acreditar através do mail [email protected].