"Tecnologia, por mais avançada que seja, será sempre uma aliada, mas nunca o centro" da prática médica
- Hoje é dia de Juramento de Hipócrates para os jovens médicos que iniciam um novo ciclo da sua vida e, neste momento simbólico, que está a decorrer no auditório dos HUC, Manuel Teixeira Veríssimo, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, salientou que nesta «nova era na Medicina, repleta de desafios e oportunidades sem precedentes», a tecnologia, «por mais avançada que seja, será sempre uma aliada, mas nunca deverá ser o centro» da atuação dos médicos.
«O médico do século XXI deverá ser um profissional multifacetado, capaz de conciliar a tradição milenar da medicina com os avanços tecnológicos que revolucionam a nossa prática diária e vós, que hoje iniciais este caminho, devereis ser os pioneiros de uma medicina cada vez mais precisa e mais eficiente, mas também humanizada», aconselhou.
«Vivemos num tempo de mudanças extraordinárias. Este século trouxe-nos avanços científicos e tecnológicos inimagináveis, como a inteligência artificial, a genómica, a robótica e a medicina de precisão que transformaram a forma como diagnosticamos, tratamos e prevenimos as doenças», continuou, certo de que todos os profissionais estão perante «ferramentas poderosas» que salvam vidas e aliviam o sofrimento, mas que trazem «grandes desafios éticos, sociais e profissionais».
E são múltiplas as questões complexas, frisou: «Como equilibrar a automação com a humanização dos cuidados médicos? Como respeitar a privacidade dos dados num mundo de digitalização crescente? Como assegurar que a inovação beneficia todos, independentemente da sua condição social, económica ou geográfica? Entre outras».
A resposta, está certo, «é difícil», «mas nunca deveremos esquecer que, no coração da medicina, permanece o que nos diferencia: a empatia, o respeito pela dignidade humana e o compromisso com o bem-estar do outro».
«Por mais que a tecnologia evolua, nunca substituirá o toque humano, o olhar compreensivo, ou a escuta atenta que transformam a consulta médica e a relação médico-doente num verdadeiro património da humanidade», reforça, com a certeza de que «a ética, a ciência e a compaixão não são opostos; são pilares de uma prática médica íntegra».
«Este juramento que hoje assumem não é um fim, mas sim o começo de uma vida desafiante, embora também gratificante, edificada num caminho onde a excelência é medida não apenas pelos resultados, mas também pela empatia, pelo cuidado compassivo e pelo respeito pela sacralidade da vida humana», disse Manuel Teixeira Veríssimo.