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Tráfico humano é uma realidade na região Centro

“Quebrar Silêncios” foi o mote do encontro que assinalou os 10 anos da Rede do Centro de apoio às vítimas

Só no ano de 2023, a EME Centro - Equipa Multidisciplinar Especializada para a Assistência a Vítimas de Tráfico Humano registou mais de 80 presumíveis vítimas deste crime, sendo que a maioria dos casos sinalizados por esta equipa estão relacionados com exploração laboral. É uma realidade que pode parecer absurda e sem sentido em pleno século XXI mas a verdade é que há um número alarmante de pessoas vítimas de tráfico humano na região, em Portugal e um pouco por todo o mundo.

Foi por isso que há 10 anos foi criada a Rede Regional do Centro de Apoio e Proteção a Vítimas de Tráfico de Seres Humanos (TSH), cujo trabalho tem vindo a ser desenvolvido e foi dado a conhecer no VI Encontro que decorreu ao  longo do dia de ontem no Convento São Francisco. Perante uma sala cheia de entidades parceiras da Rede (mais de 90 espalhadas por distritos da região Centro), os painéis e mesas-redondas que se sucederam ao longo do dia (com a intervenção de algumas dessas entidades) procuraram fazer isso mesmo, dar a conhecer o que tem vindo a ser feito face a um crime que não deve ser descurado nem ignorado.

Em conversa com o Diário de Coimbra à margem do evento, Vera Carnapete, coordenadora regional da EME Centro, deixou a garantia de que a «qualidade da resposta» que tem vindo a ser dada «às vítimas durante estes 10 anos se deve muito ao trabalho de parceria. «São estas pessoas que aqui estão que se envolvem e ajudam a dar resposta a quem necessita, por  exemplo, de um acolhimento de emergência e de se sentir em segurança, com conforto e paz, podendo descansar um bocadinho de toda uma situação que tem vivido seja há um dia, um mês ou 20 anos», explicou a responsável. O trabalho que tem vindo a ser feito, acrescentou, «é não só de assistência mas também, e sobretudo, de identificação» de casos de trágico humano.«Técnicos e população em geral, reconhecem, cada vez mais, este fenómeno» o que se traduz, muitas vezes,  em sinalizações «que depois se vem a verificar que não são verdadeiramente de tráfico humano, mas ainda bem! Estamos sempre disponíveis e a linha [918 654 104] existe exatamente para isso: na dúvida devem ligar sempre».

Todos os crimes desta natureza são graves, todos, sem exceção, e «cada situação, pelas condições da pessoa e por tudo o que viveu anteriormente, faz com que cada vítima seja única», esclareceu, frisando que não só as pessoas com maior vulnerabilidade do ponto de vista financeiro podem ser vítimas de TSH. «Este crime não olha a estratos sociais nem a raças. Claro que os mais vulneráveis são potenciais vítimas mas a experiência mostra situações em que a vulnerabilidade não tem só a ver com pobreza», alertou, apelando, por isso, à necessidade de estarmos todos atentos e fazer a diferença. «Porque às vezes um telefonema pode  fazer toda  a diferença na vida de muitas pessoas», frisou.

Na sessão de abertura, o presidente da Câmara José Manuel Silva enalteceu a importância de se debater este tema assumindo que «não tinha plena consciência» desta realidade e dos números, considerando que seria mesmo «impossível acontecerem casos assim em Portugal e em todo o mundo». Como entidade parceira da Rede, a autarquia tem procurado desenvolver ações que façam a diferença, pelo que é objetivo do executivo, aproveitando as verbas do PRR, construir mais abrigos de emergência, ajudando, assim, «de uma forma mais objetiva» todas as vítimas. |

Dezembro 7, 2024 . 15:29

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