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Portugal (e não só) vai receber o Mundial de 2030

Além de Portugal, Espanha e Marrocos, o Mundial2030 passará pela América do Sul, ao celebrar o centenário da prova com três jogos entre Argentina, Paraguai e Uruguai, que tiveram uma nota de 3,6, numa inédita edição a envolver seis países e três continentes.

Portugal e Espanha idealizaram a candidatura conjunta à organização do Mundial de futebol de 2030, que será formalizada na quarta-feira, no Congresso da FIFA, quase dois anos depois de Marrocos ter rendido a Ucrânia no trio de anfitriões.

Em outubro de 2023, o conselho do organismo regulador da modalidade concordou por unanimidade que o projeto ibero-marroquino seria o único a concorrer à realização da 24.ª edição do principal torneio planetário de seleções, tirando partido da facilidade de ligação entre as capitais Lisboa, Madrid e Rabat, separadas entre si por quase uma hora de avião.

Portugal e Espanha vão concretizar um desejo antigo, que começou por sofrer um abalo em dezembro de 2010, quando ambos perderam para a Rússia o direito de sediarem em conjunto o Campeonato do Mundo de 2018, na segunda volta da eleição do país anfitrião.

Essa ideia viria a ser resgatada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) precisamente em território russo, fruto de uma conversa entre os respetivos presidentes Fernando Gomes e Luis Rubiales aquando do empate dos lusos frente aos espanhóis (3-3), na abertura do Grupo B do Mundial2018.

Firmado o protocolo de colaboração entre FPF e RFEF, em outubro de 2020, a proposta foi oficializada em junho de 2021, com o apoio dos chefes de Estado e de Governo de Portugal e Espanha, mas passaria a incorporar uma nação de fora da Península Ibérica.

Em outubro de 2022, oito meses depois do início da invasão da Rússia ao seu território, a Ucrânia uniu-se à corrida luso-espanhola ao Mundial2030, cuja organização se mostrava convencida de que, nessa altura, estariam encontradas soluções para a paz na Europa.

A UEFA apoiou essa manifestação solidária em contribuir com a força da modalidade na reconstrução daquele país de leste, mas a evolução do conflito não jogou a favor das pretensões conjuntas, além da suspensão do presidente da Associação Ucraniana de Futebol (UAF), Andrii Pavelko, detido por apropriação indevida de verbas no final de 2022.

Veiculado como potencial adversário, a par de um projeto sul-americano (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai) e outro intercontinental (Arábia Saudita, Egito e Grécia), Marrocos passou a acompanhar Portugal e Espanha em março de 2023, na tentativa de inverter as candidaturas perdidas em 1994, 1998, 2006, 2010 e 2026, sem que a saída da Ucrânia fosse oficializada.

Os três países caminharam juntos desde então e resistiram a mais um caos institucional ainda naquele ano, quando Luis Rubiales renunciou à chefia da RFEF, após alegadas agressões sexuais à futebolista Jenni Hermoso na cerimónia de entrega de prémios do Mundial feminino, vencido de forma inédita pela Espanha, na Austrália e Nova Zelândia.

Por causa de um polémico beijo a Hermoso, Rubiales foi banido pela FIFA de todas as atividades futebolísticas durante três anos e vai ser julgado pela justiça espanhola em fevereiro de 2025, sendo que, em abril último, chegou a estar detido por algumas horas, face a suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais em contratos firmados pela RFEF durante os seus mandatos.

Rosto principal da sucessão interina de Luis Rubiales, Pedro Rocha foi proclamado como novo presidente da RFEF há mais de sete meses, mas passou de testemunha a arguido num dos processos que envolvem o seu antecessor e foi suspenso em julho por dois anos pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha, devido a abuso de poder.

A RFEF ficou entregue a uma comissão de gestão liderada por María Chaves, mas vai a eleições em 16 de dezembro, salvaguardando a posição de Espanha junto da FIFA na corrida ao Mundial2030, numa altura em que o projeto ibero-marroquino, coordenado por António Laranjo, ex-diretor do Euro2004, realizado em Portugal, já cumpriu vários requisitos.

FPF, RFEF e Real Federação Marroquina de Futebol (FRMF) assinaram a carta oficial de intenção, em outubro de 2023, e o acordo da candidatura “Yalla Vamos”, no mês seguinte, apresentando o slogan e o logótipo da prova em março deste ano e o respetivo dossier em julho, por entre investidas diplomáticas junto de confederações e federações.

De acordo com o relatório de avaliação divulgado em novembro pela FIFA, a candidatura teve uma nota de 4,2 em cinco e “demonstrou claramente capacidade para receber com sucesso” a prova, “excedendo os requisitos mínimos” com vista à sua seleção na quarta-feira, dia em que também será ratificada a atribuição da edição de 2034 à Arábia Saudita.

Além de Portugal, Espanha e Marrocos, o Mundial2030 passará pela América do Sul, ao celebrar o centenário da prova com três jogos entre Argentina, Paraguai e Uruguai, que tiveram uma nota de 3,6, numa inédita edição a envolver seis países e três continentes.

A FIFA sente “um compromisso forte e realista” dos anfitriões com assuntos sociais e de sustentabilidade e prometeu “mitigar o impacto ambiental” das 104 partidas, incluindo as três comemorativas, mas foi instada pela Amnistia Internacional (AI) a condicionar essa atribuição ao “desenvolvimento de uma estratégia de direitos humanos muito mais credível”.

Portugal, Espanha, Marrocos, Argentina, Paraguai e Uruguai, organizador e vencedor da primeira edição, em 1930, estão automaticamente qualificados para o Mundial2030, que vai decorrer de 13 de junho a 21 de julho, volvida a evocação do centenário nos dias 08 e 09, e passará por três estádios lusos - Luz e Alvalade, ambos em Lisboa, e Dragão, no Porto.

O evento é uma das heranças transmitidas por Fernando Gomes, que está de saída da presidência da FPF ao fim de 13 anos e três mandatos, deixando a restante preparação logística sob responsabilidade do seu sucessor, a ser eleito em 14 de fevereiro de 2025.

Dezembro 9, 2024 . 09:13

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