Atelier do Corvo com novo espaço em Coimbra
Um tronco de oliveira a fazer lembrar um animal sem cabeça, uma espécie de cozinha ambulante com um fogão embutido num armário de madeira com rodas de bicicleta ou pedaços de ferro que se transformaram em puxadores de porta. Quem entrar, a partir de amanhã, no novo espaço do Atelier do Corvo, na Rua Guerra Junqueiro, em Coimbra, encontrará artigos que ganharam uma “nova vida” a provar que “Alguns objetos perturbam a ordem das coisas”.
É precisamente este o título da exposição de estreia do espaço que Carlos Antunes e Désirée Pedro colocam à disposição da cidade, 30 anos depois de terem criado o Atelier do Corvo, no concelho de Miranda do Corvo.
O atelier servirá, «não só para mostrar aquilo que parte da nossa investigação, que passa também pelos objetos que são desenhados para situações específicas, mas por outros que são desenhados como resultado de outras coisas que encontramos e que ressignificamos», salienta Désirée Pedro.
«Isso tem importância, inclusive, na própria obra que fazemos», continuou, ao acrescentar que o atelier estará também de portas abertas «para outras pessoas que fazem o mesmo ou que fizeram objetos e peças muito específicas para um determinado contexto e elas nunca mais voltaram a ser usadas», daí também o conceito de “Aloja”, refere.
Ou seja, explica Désirée Pedro, interessa «voltar a refletir» e recontextualizar os objetos.
«Toda a nossa vida se fez a partir dos limites das fronteiras das disciplinas É a coisa que mais gostamos. É por isso que apresentamos uma Bienal para Coimbra, em confronto com a ideia de património, que é uma coisa que se encerra. O nosso trabalho está sempre entre a fronteira das artes plásticas, entre a escultura, arquitetura, design», salienta Carlos Antunes, esclarecendo que entendem os limites.
«Mas interessa-nos implodir esses limites e trabalhar nessas fronteiras, porque isso permite-nos sempre descobrir coisas muito surpreendentes e não ficarmos reféns de uma certa ideia de propriedade que, muitas vezes, cada disciplina reclama para si», continua, ao referir que quem conhece a sua obra e a de Désirée Pedro sabe que «a ideia de conflito» está muito presente, por isso, não estranhe se, ao entrar no Atelier do Corvo se deparar com o som de uma entrevista do escultor Richard Serra, que questiona qualquer possibilidade de arquitetura ser arte.
A galeria, com a primeira exposição patente até 25 de fevereiro, está de portas abertas de quarta a sexta-feira, das 9h00 às 18h00.|