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Padre Luís Martins Ferreira lança livro sobre padres-operários
“O Torno e o Altar – Memórias de um padre-operário” é o título do livro da autoria do padre Luís Martins Ferreira, lançado em São Martinho da Cortiça, freguesia de onde o pároco é natural, e, mais recentemente em Arganil, no auditório da Biblioteca Municipal Miguel Torga.
O padre, agora reformado, explicou que o repto para escrever o livro partiu do padre Bernardino Alves, da Diocese do Porto, que o recordou de «não haver ninguém a deixar memória do movimento dos padres-operários em Portugal». O padre, reformado precisamente do trabalho operário, em 2008, já tinha pensado nessa possibilidade, porém admitiu que nunca tinha encontrado ninguém que se disponibilizasse para o ajudar nessa missão. «Quando me reformei, a maioria dos companheiros padres-operários tinha regressado aos seus países natais ou tinham falecido», justificou.
Só de regresso a São Martinho da Cortiça sentiu ter tempo livre e aí, sim, começou a escrever o livro que fala dos padres-operários, que surgem depois do fim da 2.ª Guerra Mundial, tendo origem «nos mais de 4.000 padres, sem contar os seminaristas franceses que foram deportados para as fábricas da Alemanha nazi». “No final da guerra, vários desses padres ao regressarem pediram aos seus Bispos para continuarem a sua vida operária», relatou, acrescentando que, posteriormente, esses padres começaram a trabalhar em fábricas, assumindo a condição operária.
Para escrever o livro, o padre Luís Martins Ferreira socorreu-se essencialmente das suas memórias. «Não havia muito material nos meus arquivos para consulta», justificou, assumindo que então que teria de apresentar na obra um testemunho da sua vida pessoal e «a partir dela do movimento dos Padres-operários português e internacional». «Tentei pôr por escrito e para memória futura, a vivência dos Padres-operários e dos padres que exerceram o seu ministério no mundo operário com quem vivi e convivi», acrescentou ainda.
“O Torno e o Altar” resulta também da consulta de «muitas notas pessoais de reuniões dos padres-operários, quer a nível nacional, quer a nível internacional» e de «muitas conversas com velhos amigos, quer sacerdotes, quer de leigos ligados à Ação Católica Operária», disse ainda.
Recordando o seu trabalho, Luís Martins Ferreira contou que se levantava às cinco da manhã, «fazia uma viagem de quase duas horas de metropolitano e trabalhava 8 horas por dia, de pé, numa oficina muito ruidosa». «Aprendi a pensar e até rezar enquanto substituía as borrachas dos rolos das máquinas de escrever», recordou. «Um dia em que o fazia, percebi com uma grande clareza que tinha de viver o meu sacerdócio na condição de padre-operário», relatou ainda.