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Petição quer travar instalação de central solar flutuante na Barragem do Cabril

Na petição, dirigida ao presidente da Assembleia da República e à ministra do Ambiente e Energia, os subscritores chamam a atenção para a necessidade “de proteger a paisagem natural desta zona, assim como evitar a sua descaracterização através de uma instalação com elevado impacto”

Uma petição subscrita por cerca de 1.750 pessoas quer travar a instalação de uma central solar flutuante na Barragem do Cabril, no concelho de Pedrógão Grande, disse hoje o promotor da iniciativa.

“Travar a instalação é objetivo primordial”, afirmou à agência Lusa Nuno Fernandes, que há cerca de seis meses lançou a petição, disponível na Internet, que decorre em paralelo com um abaixo-assinado em papel.

Segundo Nuno Fernandes, a iniciativa visa também “sensibilizar a população e alertar para situações semelhantes que possam surgir e com impacto ambiental” idêntico, além de “gerar um debate à volta deste tema em termos de futuro”.

“Não vale tudo em relação à produção de energia”, declarou.

Na petição, dirigida ao presidente da Assembleia da República e à ministra do Ambiente e Energia, os subscritores chamam a atenção para a necessidade “de proteger a paisagem natural desta zona, assim como evitar a sua descaracterização através de uma instalação com elevado impacto”.

“Esta área é atualmente uma zona de lazer, utilizada pelos cidadãos para a realização de atividades náuticas, mas não só”, referem, considerando que “esta instalação eliminará o fator de atratividade desta área, assim como todo o seu potencial turístico”.

Por outro lado, alertam para “o impacto ambiental, no que diz respeito ao aquecimento anormal das águas” do Zêzere e na biodiversidade, lembrando que aquele é “também um rio de captação de água para consumo público”.

Citando a Constituição, na parte relativa ao ambiente e qualidade de vida, o grupo de cidadãos apela para que “se impeça este crime ambiental e paisagístico”.

O projeto de instalação de uma central solar flutuante que abrange também Sertã (Castelo Branco) e Pampilhosa da Serra (Coimbra), concelhos que partilham a albufeira de Cabril, é da Voltalia, que conquistou o projeto de energia solar flutuante na Barragem do Cabril, para uma área de 33 hectares.

A central vai fornecer energia verde para um volume equivalente ao consumo de 70.300 habitantes, esclareceu a empresa em abril de 2022, explicando que “a capacidade instalada será entre 33 MW [megawatt] e 40 MW, dependendo da otimização final do projeto”.

“O projeto do Cabril surgiu de um leilão público, por isso, sabemos, naturalmente, que o Governo também teve em conta todas as preocupações antes de lançar esta oportunidade ao mercado, uma vez que um procedimento deste género só é possível em estrito alinhamento entre o Governo, o município e os órgãos locais”, disse então o responsável da empresa em Portugal, João Amaral, assegurando que “a Voltalia vai trabalhar por ter o menor impacto ambiental possível”.

Num ponto de situação, a empresa fez agora saber que o projeto de instalação de painéis solares fotovoltaicos flutuantes na Barragem de Cabril está em fase de avaliação ambiental, “onde estão a ser cumpridos todos os requisitos ambientais e regulatórios”.

“Este projeto é proposto para proporcionar uma solução de produção de energia limpa e sustentável, com impactos ambientais significativamente menores em comparação com infraestruturas de grande porte, como a própria barragem”, referiu, numa informação escrita.

Ainda segundo a empresa, “a instalação dos painéis solares está planeada através de flutuadores posicionados de forma simples e eficiente, sem necessidade de desflorestação ou intervenções invasivas”.

“Os equipamentos utilizados são livres de contaminantes e dispensam postos de transformação flutuantes, eliminando assim qualquer risco de poluição química”, referiu.

Quanto a manutenção do parque, vai ser “realizada com barcos elétricos”.

“As áreas selecionadas para a instalação encontram-se fora de zonas turísticas e não comprometem a navegabilidade da albufeira, preservando atividades recreativas e utilitárias, bem como a operação da central hidroelétrica”, garantiu, acrescentando que “as zonas de captação de água para combate a incêndios permanecerão preservadas e totalmente funcionais”.

Em abril, a Câmara de Pedrógão Grande deu parecer negativo à instalação da central, considerando que terá um “gravíssimo impacto negativo” no concelho.

Três meses depois, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, que integra Pedrógão Grande e mais nove municípios, anunciou estar a ponderar avançar com uma ação judicial de suspensão de eficácia das decisões da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) se o parecer desta for favorável, intenção reiterada hoje.

A Lusa fez um pedido de informação à APA em 11 de novembro e não obteve resposta.

Dezembro 17, 2024 . 18:26

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