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Silos barulhentos opõem moradora a cooperativa

Moradora de Arazede queixa-se do barulho e do pó e diz que silos não estão legalizados. Câmara de Montemor confirma e afirma que mandou cessar atividade

Desde outubro que o dia-a-dia de Paula Oliveira sofreu uma mudança significativa, quando entraram em funcionamento os silos da Cooperativa Agrícola do Bebedouro, bem perto de sua casa. Moradora em Arazede, Paula Oliveira diz que tanto ela como os vizinhos passaram a ter de viver frequentemente com o barulho dos silos de secagem de milho que, em simultâneo, libertam uma quantidade de pó que impede, por exemplo, que possa secar roupa na rua. A moradora afirma que a atividade não está legalizada e já por diversas vezes chamou a GNR ao local, até porque em muitas das vezes o barulho ocorre de madrugada, mas lamenta que nada seja feito. E atira críticas à Câmara de Montemor-o-Velho, que já contactou exigindo respostas.

«Deixámos de ter qualidade de vida», afirma a moradora, explicando que a quantidade de pó impede que abra janelas e o barulho «ensurdecedor» chega a ser «às duas, três da manhã». «Tenho direito à minha saúde e ao meu descanso», reclama ainda.

Segundo a moradora, os silos de secagem entraram em atividade a 15 de outubro. «São silos industriais numa área residencial», reclama, acusando a cooperativa de estar a usar o silo «sem filtros» e a enviar o pó «para céu aberto».

Já por diversas vezes que Paula Oliveira chamou a GNR, que se desloca ao local, a atividade acaba por parar mas retoma no dia seguinte.

O desespero da moradora levou-a a contratar um laboratório especializado para fazer a medição do ruído ambiente, um serviço que pagou e cujo resultado foi ao encontro da sua convicção: em todas as três situações medidas o relatório conclui que «não cumpre o critério de incomodidade».

A Câmara de Montemor-o-Velho também já foi contactada, através de carta registada e com aviso de receção, onde a moradora se queixa da situação e pede explicações. Entretanto, a autarquia, presidida por Emílio Torrão, em e-mail da Divisão de Urbanismo, respondeu à moradora dizendo que a Cooperativa Agrícola do Bebedouro tem obras em curso, licenciadas, mas «não foram licenciados secadores de cereais, isto é, não faziam parte do pedido, pelo que foram realizados ilegalmente». Ainda de acordo com o mesmo e-mail, o município informou que notificou a Cooperativa Agrícola para «cessar a utilização da edificação, no prazo de cinco dias, por a mesma não se encontrar devidamente concluída e em conformidade com o projeto aprovado» e solicitou a reposição da legalidade urbanística no prazo de 60 dias, uma situação que o presidente Emílio Torrão confirmou ao Diário de Coimbra.

 

Cooperativa garante procurar solução

 O presidente da Cooperativa Agrícola do Bebedouro lamenta os incómodos e admite que conhece a situação em causa, garantindo, no entanto, que a laboração dos silos de secagem do milho já parou, até porque a campanha, que começa em finais de setembro, já chegou ao fim. «Já parámos a atividade», garante José Marques. O responsável confirma que a cooperativa recebeu uma notificação do município de Montemor-o-Velho e diz que há obras em curso, mas os silos não são licenciáveis porque se tratam de «estruturas amovíveis». «Como se licenciam silos?», questiona o presidente da direção. José Marques assume, contudo, que possa ter existido algum ruído que foi agravado pelo facto de a cooperativa não ter tido «a baixada da EDP a tempo» e ter sido obrigada a recorrer a um gerador «que também faz algum barulho». Por oposição à moradora, garante, no entanto, que as medições de ruído feitas pela cooperativa estão dentro dos parâmetros de lei. Com campanha terminada, José Marques garante que nos próximos meses a Cooperativa se vai debruçar sobre os problemas para procurar soluções que minimizem os impactos na população. Compreendendo a moradora, diz que cooperativa também faz um «trabalho social», dando resposta aos tantos agricultores do Baixo Mondego que precisam de secar os seus cereais. «Esta é também uma questão pública e social, de resposta aos agricultores», afirma.

 

Dezembro 17, 2024 . 16:10

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