Presépio monumental abre no dia de Natal em Buarcos
Cerca de 150 figuras da autoria de artistas portugueses e espanhóis e pedras com 500 anos integram o presépio monumental da paróquia de Buarcos, na Figueira da Foz, que abre ao público na quarta-feira, dia de Natal.
O presépio de grandes dimensões da vila piscatória de Buarcos é montado anualmente, há 40 anos, na Capela de Santa Cruz da Igreja de São Pedro, envolvendo a instalação de andaimes, para possibilitar que «as pessoas que nele trabalham afincadamente, possam andar em cima dele à medida que o vão construindo», disse à agência Lusa o padre Carlos Noronha.
Uma das particularidades do presépio é a de incorporar pedras com mais de 500 anos que pertenceram aos altares da primitiva Igreja de São Pedro: «São bocados de colunas, voltas de pedra, ornamentos do século XVI, que fomos encontrando na reconstrução da igreja, tanto debaixo do chão, como dentro das paredes. Todas foram guardadas religiosamente e, na altura do Natal, integram o próprio presépio», explicou o pároco de Buarcos.
Já as figurinhas do presépio, várias das quais animadas com um pequeno motor incorporado, são oriundas das escolas portuguesa (esta com origem na antiga fábrica de cerâmica de Coimbra) e espanhola de escultura, entre os quais «dois ou três conjuntos de artistas específicos».
Carlos Noronha deu o exemplo da gruta – onde estão as figuras de Maria, José e do menino Jesus, para além dos dois animais, a vaca e o burro – e da anunciação do anjo como os conjuntos assinados por autores específicos.
Depois existem ainda dezenas de bonecos indiferenciados, alguns adquiridos em Sevilha, no sul de Espanha, «que juntos constituem cenários históricos ou engraçados», como o mercado judaico, a matança dos inocentes (a morte das crianças à ordem do rei Herodes, na tentativa de matar Jesus) ou cenas de pastorícia, entre outras.
«O presépio de Buarcos tem, neste momento, à volta de 150 figuras. São guardadas uma a uma, ao longo do ano, num invólucro próprio, em armários a isso destinados, tal como as casas e o castelo, de onde só saem para o presépio», disse o padre Carlos Noronha.
E se o presépio foi evoluindo em monumentalidade, valor e alguma tecnologia, tempos houve em que era construído com recurso a caixas de fósforos grandes que resultavam em pequenas casas, outros edifícios em madeira e papel colorido e fontes e cascatas animadas com motores retirados a velhas máquinas de lavar roupa. Em alguns anos, acrescentou, o presépio fica exposto ao público até ao dia 2 de fevereiro, data que celebra a chegada do menino Jesus, com poucas semanas de vida, ao templo de Jerusalém, «que é quando, verdadeiramente, termina o Natal», uma tradição que caiu em desuso celebrar em Portugal, notou.