Sound & Fiction Record Store celebra primeiro aniversário da loja
José Miguel Fernandes tem 55 anos e é fã dos vinis desde criança. Os pais gostavam de música e acabou por lhe «ganhar o gosto», tendo sempre preferido o vinil ao CD.
O projeto Sound & Fiction Record Store foi uma «maluquice» que sempre lhe esteve na cabeça, mas em que apenas apostou porque a sua parceira o convenceu. «O sonho é poder abrir uma loja física ou, pelo menos, poder fazer disto a minha vida. Por enquanto é mais um hobby», admite o único responsável pela loja.
Para si, a procura do disco de vinil é um mercado especial onde muitos, inclusive o próprio, fazem o «vinil tourism» (turismo do vinil) em busca da edição certa. «Acabam por ser objetos de coleção porque, muitas vezes, as edições são em pouca quantidade», afirma, continuando: «não me considero colecionador, ainda. Para stock de loja por vezes é preciso fazer um investimento em mais que uma cópia ou então procurar a edição certa, pelo preço certo. É um trabalho de paciência». Outra atenção que acredita que o público tem é referente à própria apresentação do vinil. Tanto as capas como os próprios discos apresentam características únicas que os tornam especiais.
Questionado sobre a sua forma de atuação e sobre o mercado atual, refere que não existe propriamente uma competição, principalmente porque o público-alvo gosta de «procurar aquilo que gosta», o que promove uma procura em “lojas menores” e não em grandes superfícies.
Um dos problemas que identifica no mercado atual e que, de certa forma, tenta combater é o preço praticado por outros vendedores. Tenta, por isso, adaptar os preços ao mercado português. «Procuro muito encontrar descontos ou promoções junto das próprias editoras. Um disco a custar 50 euros ou mais, na realidade portuguesa, não é um preço bom. Tento diminuir o custo ao máximo para fazer uma oferta mais em conta para o “bolso português”».
José M. Fernandes vê o comprador de vinis como uma pessoa que, à sua imagem, gosta de experiências, justificando assim o aumento da procura por esta forma de música.
«Prefiro ler um livro em papel do que em pdf. As plataformas de música podem todas coexistir – também utilizo o Spotify sem problemas – mas o vinil é uma forma especial de viver a música. Um jantar, amigos, pôr um vinil e ficar a “virar o disco” em tertúlia. É uma grande experiência». A atração pela experiência e pela “procura” do disco ideal é também uma possibilidade da atração no público mais jovem, que cada vez mais se interessa por formas de expressão e comunhão diversas.