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Neorrealismo de Alves Redol adaptado para o palco do Teatrão

Estreia a 3 de janeiro peça que é uma adaptação da obra literária “Constantino, o Guardador de Vacas e de Sonhos”

A reinvenção de uma obra é sempre um trabalho demorado e que, muitas vezes, divide as opiniões dos espectadores. O Diário de Coimbra teve o prazer de assistir, ontem, a um dos últimos ensaios da nova peça do Teatrão, numa adaptação da obra literária “Constantino, o Guardador de Vacas e de Sonhos”, de Alves Redol, que irá estrear no dia 3 de janeiro na Oficina Municipal do Teatro (OMT), nesta cidade.

O texto original foi publicado em 1962, no primeiro dia do ano, e trata, em parte, da realidade ribatejana rural. Com grande uso da sua cultura pessoal, Alves Redol consegue mostrar nas suas páginas uma grande preocupação social e, simultaneamente, uma leveza que se torna atrativa para todas as idades.

João Gaspar, na sua nova versão desta história, transporta a realidade dos anos 50 e 60 para a juventude atual que se encaixa na perfeição no tema. Sem oferecer muitos detalhes, adiantamos que o neorrealismo e o século XXI conseguem “andar de mão dada” nesta peça, onde a tecnologia e o sonho se conectam de forma inevitável. Constantino, interpretado por João Santos e que já não guarda vacas, vai relembrar o público de que não sonhar torna a vida monótona e excessivamente preocupada.

Eva Tiago, que dá vida à personagem Maria, é uma jovem com toda a vida pela frente que perdeu uma parte muito importante da sua vida, e procura reencontrá-la. A sua busca começa quando o seu pintassilgo, Cucu, foge da gaiola, ficando a descobrir que «todos os pintassilgos odeiam gaiolas».

Margarida Sousa torna-se numa “metamorfose” de personagens que dinamizam toda a história e avançam a ação.

 

Expandir emoções

Margarida Sousa, uma das atrizes mais experientes na produção, fala na preparação para “atacar” o projeto e na forma como prevê que vai impactar os espectadores. «A produção foi feita à semelhança de outras atuações. O Teatrão tem uma grande particularidade onde todos os artistas envolvidos têm a possibilidade de ajudar no desenvolvimento das peças», refere, admitindo ainda que ter o dramaturgo junto da peça e aberto a alterações é uma «mais-valia mui­to grande» porque «é possível cada ator trazer a palco interpretações e experiências diferentes que moldam o resultado final».

«Do ponto de vista do ator, é preciso perceber que as personagens que aqui estão representadas são pessoas do nosso quotidiano que, muitas vezes, passam despercebidas», começa por comentar o ator João Santos. Na tentativa de explicar o que se irá passar em palco, reflete sobre a importância de “mecanizar” os adereços e as ações, para que o público consiga entender todas as ideias abordadas, principalmente nas audiências mais jovens. O ator de 33 anos refere ainda que o neorrealismo é «uma tentativa de abrir o olhar», visto que a obra aborda uma realidade que se tenta, por vezes, ignorar.

Eva Tiago, a atriz mais nova da peça, menciona o «desconforto» na preparação da peça por «nunca se saber o que esperar do dia seguinte», pelas alterações naturais ao guião e pelos temas abordados.

Questionados sobre o final da peça, deixam tudo em aber­to: «não sabemos como termina a história. Todos gostam de finais felizes, mas, às vezes, na vida real, sabemos que não acontecem».

Dezembro 30, 2024 . 07:50

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