Areaclientedc
Última Hora
Pub Podium Premio Leitor
Horizontal Alma Shopping
Pub

ZERO considera “inaceitáveis” áreas REN onde nova legislação permitirá construção

Posição surge no âmbito do Relatório do Estado do Ordenamento do Território de 2024

A associação ambientalista ZERO considerou hoje “inaceitáveis” as tipologias de áreas de Reserva Ecológica Nacional (REN) que foram excluídas do novo regime de exceção onde se poderá vir a construir habitação, e alertou para a impermeabilização dos solos.

As áreas estratégicas de infiltração e de proteção e recarga de aquíferos, que são relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico terrestre, as áreas de elevado risco de erosão do solo e as áreas de instabilidade de vertentes, que servem para prevenção de riscos naturais, são as tipologias de áreas de REN que, segundo a ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável, “ficaram fora do regime de exceção” que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial e “onde se poderá vir a construir habitação ou ter lugar outros usos complementares”.

“Há em todo o país vastas áreas com estas características que motivaram a sua inclusão na Reserva Ecológica Nacional, cuja preservação é indispensável, e que não tem qualquer sentido serem destruídas/impermeabilizadas”, afirmou a ZERO, em comunicado, considerando que as áreas REN onde legislação permitirá construção "são absolutamente críticas".

A posição desta associação ambientalista surge no âmbito do Relatório do Estado do Ordenamento do Território (REOT) de 2024, elaborado pela Direção-Geral do Território e que esteve em discussão pública até sexta-feira, dia 03 de janeiro.

O REOT é um instrumento “essencial” para avaliar a implementação do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), analisando diferentes áreas, entre elas o solo, realçou a ZERO, referindo que este documento de 2024 destaca a necessidade de preservação dos solos rústicos, revelando que a “área aumentou ligeiramente, em contradição com a pretensão da nova legislação”.

Em comunicado, a associação ambientalista refere que a nova legislação que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (decreto-lei nº 117/2024), permitindo a construção em solos rústicos mediante deliberação municipal, tem recebido “uma forte contestação de diversos especialistas, de vários setores da sociedade civil e também de organizações não-governamentais como a ZERO”.

O REOT de 2024, segundo a ZERO, afirma que o solo é um recurso natural não renovável essencial para os ecossistemas, sendo crucial preservar a sua integridade, e “a impermeabilização do solo, associada à urbanização, é um dos principais fatores de degradação”, que compromete funções como produção de alimentos, regulação do ciclo da água, captura de carbono e suporte à biodiversidade.

Entre os dados deste relatório, a associação ambientalista realça que, em 2018, mais de 90% do solo no território continental português permanecia não impermeabilizado, mas em municípios metropolitanos como Porto, Lisboa e Amadora, essa proporção era inferior a 60%, com o Porto a apresentar o menor valor (43%).

Em causa está a classificação de solo como rústico nos Planos Diretores Municipais (PDM) e a sua proteção por regimes como a Reserva Agrícola Nacional (RAN) e a Reserva Ecológica Nacional (REN), para preservar áreas aptas para usos agrícolas, florestais e conservação da biodiversidade.

Na perspetiva da ZERO, os dados do REOT indicam que “para muitos municípios, nomeadamente aqueles onde as necessidades de habitação são mais prementes, o decreto-lei tem pouca aplicabilidade e, portanto, é dispensável”.

Segundo a associação ambientalista, os mesmos dados referem que, entre 2015 e 2023, 74% dos municípios mantiveram a área de solo rústico inalterada, mas, ao contrário do que se pretende com a nova legislação, 49 municípios expandiram as suas áreas de solo rústico, verificando-se que a área total de solo rústico no território continental aumentou em 17.303 hectares, representando um acréscimo de 0,2%.

Quanto ao REOT, apesar de apontar “muito aspetos positivos”, a ZERO considera que há “várias lacunas e oportunidades de melhoria”, referindo que o relatório peca, por exemplo, pela falta de reflexão crítica sobre políticas públicas.

Janeiro 5, 2025 . 15:05

Partilhe este artigo:

Junte-se à conversa
0

Espere! Antes de ir, junte-se à nossa newsletter.

Comentários

0 Comentários
Feedbacks Embutidos
Ver todos os comentários
Fundador: Adriano Lucas (1883-1950)
Diretor "In Memoriam": Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: Adriano Callé Lucas
94 anos de história
bubblecrossmenuarrow-right