Renato Daniel cria Associação Portuguesa do Cancro do Cérebro
Renato Daniel irá fazer, até ao final deste mês de janeiro, a apresentação formal da Associação Portuguesa do Cancro no Cérebro, concretizando um desejo confessado durante a cerimónia em que deixou o cargo de presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG-AAC), de criar uma associação que pudesse apoiar pessoas a quem, tal como a ele, fosse diagnosticada esta doença.
Renato Daniel tinha 22 anos quando foi diagnosticado com um Glioma (cancro no cérebro), numa altura, em que acabara de assumir a vice-presidência da DG-AAC, liderada por João Caseiro. A operação aconteceu no final de 2022 e, apesar de algumas limitações inerentes à recuperação, o jovem fez questão de encarar a doença como «apenas um episódio» na sua vida, que não o impediria de ter e fazer projetos para o futuro.
Tanto que se candidatou e ganhou as eleições para a AAC, cumprindo um intenso mandato de um ano, que terminou recentemente, e que foi obrigatoriamente marcado por este episódio na sua vida pessoal. Se há marcas da sua passagem pela Academia de que se orgulha é, precisamente, a Linha de Apoio ao Estudante com Doenças Crónicas que permite, no âmbito do Fundo Social António Luis Gomes, apoiar estudantes em despesas associadas à saúde. Igualmente marcante é o protocolo da AAC com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, no âmbito do qual a Academia desenvolveu várias atividades de apoio a pessoas com doença oncológica.
Renato Daniel queria, no entanto, continuar a dar o seu contributo. Por um lado, pela consciência que ganhou desde o seu diagnóstico de que «é grande a incidência deste tipo de cancro em crianças e jovens». Por outro, porque há ainda uma ideia de fatalidade associada ao cancro, em particular ao cancro no cérebro.
«A ideia de criar uma associação foi sendo amadurecida ao longo do meu mandato», confirma Renato Daniel ao Diário de Coimbra, sem esconder a felicidade por, apesar de ainda faltarem algumas questões burocráticas, poder apresentar até ao final do mês, uma associação de apoio a doentes com cancro no cérebro e suas famílias que terá «âmbito nacional».
Dar apoio financeiro, mas também social e psicológico é o grande objetivo e uma das dimensões desta Associação Portuguesa do Cancro do Cérebro, mas Renato Daniel quer que esta nova estrutura tenha uma outra dimensão, igualmente importante, que é a de contribuir para informar, sensibilizar e, principalmente, «desmistificar» as ideias que existem em relação a todos os tipos de cancro, em particular o cancro do cérebro.
«Queremos ser um meio de divulgação de novas terapêuticas, um incentivo à investigação, um promotor de congressos científicos em torno da temática do cancro do cérebro e de todos os outros do sistema nervoso», confirma Renato Daniel.
A Associação será, assim, composta por duas estruturas diferentes. Uma comissão composta por médicos, investigadores, especialistas em oncologia que darão «apoio científico» e outra - Comissão de Honra - composta pelas mais variadas personalidades nacionais (cujos nomes Renato Daniel irá divulgar em breve) que ajudará a tornar mais visível a atividade desta nova estrutura.
«O grande objetivo é levar o mais longe possível a atividade da associação», confirmou o jovem que, sendo natural do concelho da Lousã, tem o desejo que a “sua” Associação Portuguesa do Cancro do Cérebro, tenha sede na sua terra natal. «Gostaria muito que assim acontecesse», remata.|
Crowdfunding para quem queira apoiar a associação
Com cerca de seis anos de associativismo, Renato Daniel garante que, até ao momento, a barreira mais difícil para a criação da associação «é a burocracia» relacionada com formalização de uma associação. Confiante que, até março, haverá condições para começar a apoiar os primeiros doentes, o ex-presidente da AAC diz que para o funcionamento da associação será necessário fazer crescer o número de associados, mas também o apoio financeiro das mais variadas entidades.
Para tal, confirma, será lançado um Crowdfunding para que seja possível angariar fundos para a associação. «Se conseguirmos ter um impacto positivo na vida das pessoas com cancro e famílias, o objetivo desta associação estará concretizado», remata Renato Daniel.