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Ex-alunos poderão participar na eleição dos reitores, mas mudança desagrada a sindicatos

Eleições diretas para os cargos de reitor e presidente são uma das novidades propostas pelo Governo no âmbito da revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES)

Os reitores ou presidentes das instituições de ensino superior vão passar a ser eleitos por eleição direta, com votos também dos ex-alunos, uma proposta do Governo que desagrada alguns sindicatos.

As eleições diretas para os cargos de reitor e presidente são uma das novidades propostas pelo Governo no âmbito da revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) e respondem às reivindicações dos sindicatos para melhorar o funcionamento democrático das universidades e politécnicos, mas trazem outra mudança que os desagrada.

De acordo com a proposta do Governo, também os ex-alunos poderão participar nas votações, um alargamento que, no entender do ministro da Educação, Ciência e Inovação, permitirá levar a experiência “de quem viveu na instituição e fez uma vida profissional fora dela”.

“Desta forma, vamos poder ultrapassar uma fragilidade que temos nas nossas instituições, que é uma ligação – que ainda não tem a densidade que deve ter e pode enriquecer muito as instituições – com os ex-alunos, que são o principal ativo”, defendeu Fernando Alexandre.

O ministro falava aos jornalistas no final de uma ronda de reuniões de auscultação com o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), seguido das federações nacionais dos Professores (Fenprof) e da Educação (FNE), sobre a revisão do RJIES.

A perspetiva do governante não é partilhada pelos sindicatos, que elogiaram a instituição de eleições diretas, mas manifestaram-se preocupados com o alargamento do eleitorado.

“Não vemos como desejável a participação dos ex-alunos, porque nos parece que isso pode dar origem a processos de cartelização dos votos”, disse, por um lado, o presidente do SNESup, José Moreira.

Pela Fenprof, o coordenador do departamento de Ensino Superior, Tiago Dias, disse ter “as maiores reservas”, considerando que a participação de “elementos externos” no processo eleitoral pode “condicionar o interesse da instituição em função de outras questões, como fatores económicos”.

José Luís Abrantes, secretário-geral adjunto da FNE, não é contrário à participação dos ex-alunos, mas entende que o voto dos docentes deveria ter um peso maior, uma posição partilhada também pela Fenprof.

O atual RJIES vigora desde 2007 e, de acordo com a lei, já deveria ter sido avaliado em 2012. Nas últimas semanas, o Governo tem estado a discutir a proposta de revisão com os representantes dos estudantes, reitores, presidentes dos politécnicos e partidos políticos.

Outra das alterações previstas é a aproximação entre os subsistemas universitário e politécnico, mantendo o sistema mais binário, que passaria, no entanto, a ser mais flexível, e o reforço da autonomia das instituições, incluindo através da possibilidade de se organizarem em consórcios.

“Também reforçamos a autonomia das instituições do ponto de vista de lhes dar maior autonomia orçamental, maior capacidade de gerir o seu património e os seus recursos humanos, para que possam, de forma bem-sucedida, implementar as estratégias de médio-longo prazo que são essenciais para transformar o país”, explicou o ministro.

Do lado dos sindicatos, SNESup, Fenprof e FNE entendem que a evolução do sistema politécnico ao longo dos últimos anos já permitia unificar os dois sistemas e defenderam que o RJIES deveria dar algum tipo de resposta ao problema da precariedade, prevendo limitações para o número de docentes e investigadores com contratos a termo certo que as instituições podem empregar.

Depois de ouvir todas as entidades envolvidas, o MECI vai produzir uma nova proposta até ao final do mês de janeiro, que voltará a ser discutida, para depois ser levada a aprovação em Conselho de Ministros, entre o final de fevereiro e início de março. O Governo enviará depois uma proposta de lei à Assembleia da República.

Janeiro 8, 2025 . 21:16

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