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História dos Salatinas vai ser contada em filme

Crowdfunding lançado para apoiar este projeto, que quer levar a história da comunidade retirada da Alta às salas nacionais e internacionais

«Milú lembra-se bem do desgosto do tio. Maria Isabel de como era a “linda fachada” da Faculdade de Letras. Suzana descreve o comércio e Luciano o que resta da comunidade que renasceu das cinzas provocadas pelo acontecimento pouco conhecido, mas que mudou para sempre a história de Coimbra».

Em poucos segundos, isto é o que já se pode ver do que será, muito em breve, o documento “Salatinas”, um projeto de Tiago Cerveira, Rafael Viei­ra e Filipa Queiroz, que pretende mostrar, em filme, a história de «uma comunidade que foi retirada à força da Alta de Coimbra».

“Salatinas” está neste momento em fase de produção, angariação de parcerias com diversas entidades, bem como apoio de empresas e particulares através de um crowdfunding (ppl.pt/salatinas), «convocando todos os que acreditam na importância deste trabalho de resgate de uma das memórias mais dolorosas da cidade».

Trata-se, de acordo com os responsáveis pelo projeto, de «consolidar o financiamento e conseguir o maior alcance possível em salas de cinema nacionais e internacionais, na televisão e disponibilizando uma websérie documental de forma gratuita na internet», uma vez que o documentário, que começou a ser desenvolvido na primavera de 2023, recebeu um apoio da Câmara Municipal de Coimbra «dado o seu interesse público».

«Contar a história dos salatinas é não só homenagear a população de Coimbra, como provocar a reflexão e ação sobre uma área tão importante como a habitação, em particular a habitação e acessível», sublinham os responsáveis por este projeto que, com banda sonora do músico e compositor Gonçalo Parreirão, «segue o rasto dos poucos testemunhos vivos da demolição do bairro histórico que deu lugar ao atual Polo I da Universidade de Coimbra» e cuja estreia está prevista para este ano.

Para já, está lançado no site oficial do documentário - www.salatinas.wordpress.com - o primeiro teaser do projeto que, no fundo, pretende tornar mais visível uma parte da história de Coimbra. Em resumo, «estima-se que, a partir dos anos 40 do século passado, cerca de 3.000 pessoas tenham sido deslocadas da Alta de Coimbra para outras zonas da cidade, zonas isoladas na época que, entretanto, foram rodeadas e absorvidas pelo espaço urbano». São elas o atuais Bairro de Celas, da Fonte do Castanheiro, Arregaça, Marechal Carmona (atual Norton de Matos).

Tudo para que fossem arrasados cerca de 200 edifícios de 20 quarteirões na Alta, num processo que teve «uma gran­de carga traumática e que resultou no desagregar do sentido de pertença dos chamados “salatinas”, que levaram consigo o nome, as tradições e as histórias». Algumas serão contadas neste novo documentário

Janeiro 9, 2025 . 09:46

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