Câmara pediu uma locomotiva à CP como memória ferroviária para a estação Coimbra-A
A Câmara Municipal pediu à CP uma locomotiva e uma carruagem para ficarem expostas na estação de Coimbra-A, como memória da presença da ferrovia naquele espaço da cidade, revelou o presidente do município.
A Câmara de Coimbra pediu à CP que fosse deixada uma locomotiva e “uma ou duas carruagens” na também conhecida como Estação Nova, que irá encerrar no domingo, cerca de 140 anos depois de ter sido inaugurada, no âmbito da empreitada do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM).
“Solicitámos à CP que, ainda antes do início do levantamento dos carris, se possível, ficassem ali uma ou duas carruagens e uma locomotiva, a guardar uma memória ferroviária da estação”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, José Manuel Silva.
A autarquia pretende que a presença da locomotiva e da carruagem com interesse museológico possam também ajudar a contar “a história da ferrovia na cidade”, explicou, referindo que a CP mostrou “abertura e disponibilidade para se encontrar uma solução, se possível antes de os carris serem retirados”.
No âmbito do SMM, a ligação ferroviária entre Coimbra-A e Coimbra-B irá terminar, passando a circular naquele traçado, no futuro, autocarros elétricos articulados.
Quanto ao futuro a ser dado à Estação Nova, José Manuel Silva salientou que “nada está fechado”.
“Ninguém iria aceitar e seria discutível e criticável, nesta fase pré-eleitoral, tomarmos decisões definitivas sobre o futuro da estação. Consideramos que as decisões deverão ser tomadas pelo próximo executivo”, disse.
Para José Manuel Silva, o futuro a ser dado à estação “será certamente objeto de debate durante o período eleitoral”.
Para o autarca, deveria haver uma parte museológica, uma grande praça pública de fruição, com componente de restauração e comércio, aproveitando-se a ligação direta ao rio, com zonas arborizadas e ajardinadas.
“Temos as nossas ideias e queremos debatê-las com a cidade”, afirmou.
Questionado pela Lusa sobre se teria sido possível reverter o projeto do fim da ligação ferroviária quando tomou posse, em 2021, José Manuel Silva disse que essa decisão seria “voltar à estaca zero”.
“Todo o projeto teria de ser revisto, o financiamento seria perdido e iria atrasar Coimbra durante anos. Entendemos não reverter e não parar o processo”, disse, pois tal decisão seria gravosa para a cidade.
Questionado sobre se tomaria decisão diferente quando o projeto foi aprovado (altura em que o PS liderava o município), José Manuel Silva recusou-se a discutir cenários hipotéticos do passado.
“Não gosto de repensar o passado e o que faria. Teria de se pensar o projeto e teríamos de ser parte da reflexão, que não fomos, para analisar todos os prós e contras, como, por exemplo, o ‘metrobus’ passar pela avenida Fernão de Magalhães. O projeto teria de ser equacionado nessa altura, não agora”, afirmou.