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“Coimbra Imaterial” é montra para Artes e Ofícios de Coimbra

A nova “web série” apresentada pela Câmara Municipal de Coimbra explica ofícios através dos artesãos

São dez episódios que a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) promete trazer até aos ecrãs de todos. Dez episódios que vão dar uma “nova vida” a artes, saberes e ofícios, como forma de «promover o património material e imaterial de Coimbra». A “web série” tem o nome “Coimbra Imaterial” e estreou ontem, na página de Youtube do município.

Para dar uma vida diferente à série, cada episódio terá um artesão diferente a apresentar «a sua experiência de vida e o saber-fazer inerente à arte ou ofício que conhecem desde sempre», mostrando assim a sua particularidade e potencial.

A “primeira” artesã

Maria Alcide Rodrigues foi a escolhida para ser a cara do primeiro episódio. Conta já com 83 anos, 73 deles são de experiência contínua no ofício de franjedeira.

«Trabalhei nisto durante dez anos, mas depois o trabalho acabou. Antes, toda a gente tinha um xaile, depois chegaram os casacos compridos, e o xaile acabou».

Apesar da falta de procura, Maria nunca deixou de fazer o que mais gostava. A sua paixão fez com que acabasse reconhecida pela CMC e, desde aí, nunca mais deixou de os fazer.

Em reflexão sobre o passado, menciona a importância do xaile, referindo que chegou a ser «uma coisa cara» e sempre com um significado especial.

«O xaile preto, o xaile de merino, era o xaile de casar, era muito tradicional para as noivas». Gesticulando para o que vestia, menciona que «este estampado [amarelo com motivos orientalizantes] era o da tricana de Coimbra. Ainda hoje tem valor porque nem toda a gente conseguia ter um xaile».

“Franjedeira” é o nome dado a quem adorna o xaile simples que, «era só o tecido» com as franjas intrínsecas que se colocam na orla do mesmo.

«[Para] o preto comprávamos as fitas de seda, o fitilho ou a trancinha, para estes [da tricana] eram as lãzinhas a condizer com a cor do tecido», explica a artesã. Apesar do valor de cada peça ser «caro», segundo a franjedeira, o que recebia era «pouco».

Com o passar dos anos, o ofício foi-se perdendo e as diferentes “franjas” foram-se perdendo, em conjunto com quem as criava.

Maria Alcide Rodrigues gostava de manter a tradição viva, «gostava realmente que houvesse alguém que apanhasse isto, gostava que abrisse algum sítio em que eu pudesse ensinar, mas para as pessoas ficarem mesmo a fazer e a continuar», admite, porém, que «Deus queira que me deixe fazer durante mais 20 anos».

No dia 19 de janeiro, domin­go, a artesã estará presente na Montra das Artes e Ofícios, que decorre entre as 9h00 e as 19h00, nas ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, na Baixa de Coimbra. O próximo episódio será publicado dia 30 deste mês, pelas 11h00.

Janeiro 17, 2025 . 15:08

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