“Carlotinha” mostra veia literária de Carlos Garcia
A sede da Associação Musical da Pocariça foi o local escolhido para a apresentação póstuma do livro “Carlotinha”, de Carlos Garcia. Na apresentação da obra, Maria João Espírito Santo descreveu o autor como «um homem bom, ao serviço da cultura e acarinhado pelos cantanhedenses». No que concerne ao livro, o autor é «explicito ao dizer que o livro aborda coisas sérias que o comum mortal não consegue explicar sobre os desígnios de Deus». A religiosidade de Carlos Garcia é bem percetível na sua escrita.
Maria João mencionou o facto de aos 88 anos, Garcia ter pintado a tela da “Carlotinha” (ano de 2020) na Praia da Tocha. Sendo ele meio-irmão da personagem central deste enredo.
Já Paulo Silva, neto do autor, sublinhou que o livro «foca temas sensíveis», como se percebe logo pelo seu prefácio. Sabe-se que o seu avô «sempre foi uma pessoa rica culturalmente e espiritualmente», frisou.
O padre Maçarico mencionou a devoção que o povo da Pocariça nutria pela “Carlotinha”, o contexto espiritual em que esteve envolvida. «Apesar de ser uma pessoa nobre, deixou de vestir como senhora e passou a trajar de forma simples e pobre», disse, acrescentando que, de acordo com a população, «era adorada como um ser especial que escutava as suas preces».
O evento contou igualmente com a presença de Nuno Caldeira, em representação da Câmara Municipal de Cantanhede e na qualidade de presidente da União das Freguesias de Cantanhede e Pocariça. O autarca justificou a apresentação na Pocariça como «sendo um desejo do autor».
Carlos de Jesus Garcia nasceu em Cantanhede em 1932 e morreu em agosto de 2024, localidade onde viveu, exerceu a sua profissão de carpinteiro e marceneiro e se dedicou à cultura da região. Procurou transmitir os seus conhecimentos, as suas vivências, através da escrita e trabalhos de arte manual, pintura, escultura e outros. Carlos Garcia é autor de Manta de Retalhos, seu primeiro livro, autobiográfico (2005); Memórias para o futuro (2006); Rancho Regional “Os Esticadinhos” de Cantanhede – 75 Anos ao serviço da cultura (2010); Caminhos da vida – histórias da vida real (2013); Os empecilhos (2023) e a “Carlotinha” (2024), o qual não chegou a apresentar.|