Paulo Pereira apela à inteligência e equilíbrio emocional frente à Alemanha
Portugal decide com a Alemanha a passagem às meias-finais do Mundial de andebol, em Oslo, e o treinador Paulo Pereira apelou hoje à inteligência e ao equilíbrio emocional dos seus jogadores para seguir em frente na prova.
“É um objetivo claro para todos atingir as meias-finais, não temos dúvida nenhuma”, disse Paulo Pereira, na antevisão do decisivo encontro de quarta-feira com a Alemanha, na Unity Arena, em Oslo, que tem sido a casa de Portugal.
Embora reconheça que “a seleção germânica tem muitos jogadores fortes na defesa, que gostam muito de contacto físico”, o selecionador diz que Portugal “vai ter que ser inteligente na sua forma de jogar, para o evitar e procurar a recuperação no timing certo”.
“Portanto, se conseguirmos fazer isso vamos conseguir criar muitas dificuldades à Alemanha, embora saibamos que eles têm uma defesa muito dura em termo do que é o contacto”, explicou, recorrendo à alegoria tauromáquica de “não enfrentar o touro, mas toureá-lo”.
Paulo Pereira admitiu que, após Portugal ter feito história ao apurar-se pela primeira vez para os quartos de final do Mundial, com um percurso imaculado, de cinco vitórias e um empate, preparar mentalmente os jogadores ficou mais fácil.
“Agora, a motivação existe por natureza. É só encontrar o equilíbrio emocional que nos permita vencer o jogo tranquilamente, ou seja, não querer vencer rapidamente, com precipitações. Se isso acontecer temos possibilidade de vencer a Alemanha”, defendeu.
Portugal tem um saldo francamente negativo nos jogos oficiais com a seleção germânica, de uma vitória contra cinco derrotas, a última das quais no jogo de atribuição do 5.º e 6.º lugares do Euro2020 (29-27), no qual alcançou a sua melhor classificação.
“Essa Alemanha já vai muito longe. Quer uma equipa quer a outra. Nós também estamos muito diferentes. Manteve-se o treinador em Portugal, na Alemanha já não é o mesmo, e uma série de jovens entraram em ambas as equipas”, apontou Paulo Pereira.
Desse jogo restam na atual equipa sete jogadores: o guarda-redes Gustavo Capdeville, os pontas Pedro Portela, António Areia e Diogo Branquinho, o central Rui Silva, o pivô Luís Frade e o lateral Fábio Magalhães.
“Nós também não tínhamos os irmãos Costa [Martim e Francisco], em 2020, mudou muito. Em termos ofensivos, por exemplo, mudou muito, espero que seja um jogo diferente até no resultado”, concluiu Paulo Pereira.
Pedro Portela, um dos sobreviventes dessa seleção que alcançou o inédito sexto lugar do Europeu, disse à agência Lusa que Portugal quer continuar a fazer história na presente edição do Mundial, pelo que quer passar às meias-finais.
“Queremos continuar a fazer história. Queremos passar às meias-finais. Ambicionamos isso e vamos mostrar o mesmo caráter, o mesmo espírito de equipa, a mesma combatividade, nestes quartos de final contra a Alemanha”, disse Pedro Portela.
Para o ponta, que superou na presente edição do Mundial os 500 golos pela seleção, a Alemanha é uma equipa forte, fez um bom resultado nos Jogos Olímpicos Paris2024 (prata), mas Portugal vai vencer e dar mais um passo histórico no andebol português.
“É uma Alemanha diferente [da de 2020]. Também os defrontámos o ano passado, em dois amigáveis, e sabemos da seleção que eles têm. Estamos a analisar os pontos fortes para ver o que podemos fazer”, explicou Pedro Portela.
Para o experiente jogador, de 35 anos, que regressou ao Sporting em 2023/24, após cinco temporadas no andebol francês, “a vontade e a entrega parte da própria seleção, que vai dar tudo frente à Alemanha para poder passar às meias-finais”.
A história de Portugal em Mundiais está intimamente ligada à Alemanha, dado que a estreia em fases finais aconteceu em 1997, no Japão, quando a seleção lusa se impôs na fase de qualificação à germânica, que ficou de fora pela segunda vez.
Na altura, com Carlos Resende, Viktor Tchikoulaev, Ricardo Costa – pai de Martim e Francisco Costa – Paulo Faria e Carlos Galambas, entre outros, Portugal venceu o grupo de apuramento, à frente da Alemanha, Polónia e Eslováquia.