Casa do Bispo será espaço de criação e inovação
A Casa do Bispo, o «mais belo» edifício «de todo o património do Instituto Politécnico de Coimbra», nas palavras de Jorge Conde, foi ontem inaugurada, após obras de reabilitação que custaram 1,4 milhões de euros. Com estatuto de imóvel de interesse público, a casa localizada em São Martinho do Bispo, no campus da Escola Agrária, ganhou vida e acolhe já alguns serviços centrais do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC).
A reabilitação, que dotou a casa de um auditório de 36 lugares ou de uma sala de reuniões, foi ontem considerada de grande importância pelo presidente do IPC, com Jorge Conde a resumir o trabalho efetuado, numa empreitada que levou dois anos, não só por causa de surpresas e da pandemia, mas também pela particularidade de ter sido a única obra do Politécnico de Coimbra com um «embargo camarário por meros procedimentos administrativos».
Estrada fica para domínio público
«Apesar de pronta há quase um ano só agora foi possível concluir as acessibilidades», contextualizou, ao explicar que «a estrada de acesso fica para domínio público». Alargada para o dobro, e pavimentada pelo IPC e Águas de Coimbra, poderá, espera o docente, «vir a ligar São Martinho do Bispo ao alto de Santa Clara».
Contígua ao edifício dos serviços centrais do IPC, a Casa do Bispo (século XVI) conta com novos acessos e arranjos paisagísticos, bem como áreas de estacionamento cuja construção respeitou «os princípios da sustentabilidade» e preservação da permeabilidade do solo, assinalou.
A casa, integrada no conjunto arquitetónico da Quinta do Bispo, é testemunho da história coletiva, herança de séculos, «agora renovada e preparada para acolher desafios do futuro», disse Jorge Conde, indo também, numa breve resenha histórica, a um passado em que foi casa de repouso do clero (por ali passaram vários prelados, entre os quais D. Afonso Castelo Branco, bispo de Coimbra de 1583 a 1615).
«Mais do que uma recuperação arquitetónica», a reabilitação é um sinal «de compromisso» com o passado e com o futuro, «com preservação da memória histórica e adaptação às necessidades contemporâneas», considerou o presidente do IPC, ao assinalar o trabalho «meticuloso e respeitoso da identidade do edifício».
Além da devolução da autenticidade, com recuperação de elementos decorativos, a casa tem agora espaços funcionais, já com alguns serviços centrais do IPC, auditório e sala de reuniões. O claustro interior, onde Jorge Conde discursou, é agora «o coração da casa, local de encontro e de convívio».
A finalizar o discurso de inauguração, Jorge Conde agradeceu a todos os envolvidos (destacou a professora Cristina Faria e a equipa do Centro Cultural), sublinhando as soluções funcionais e interpretações históricas dos espaços pelos arquitetos do IPC, Jorge Martinho e Joana Viana Ramos, revelando que a reabilitação da casa, que cruza o passado e o futuro, o conhecimento e a prática, é apenas o início de um projeto «mais amplo e ambicioso» (ver caixilho).
A sessão incluiu uma palestra por Pedro Bingre do Amaral, professor da Escola Superior Agrária, que apresentou uma investigação académica sobre a ligação de Luís de Camões à Quinta do Bispo. Os participantes e convidados puderam ainda visitar a exposição documental “Casa do Bispo”, patente no interior do edifício.