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Cresce o “azedume” entre a restauração e a Câmara da Figueira

Gala de aniversário da Associação Figueira com Sabor a Mar teve como “prato principal” a crítica ao executivo municipal e o apoio que falta ao setor

Mário Esteves vai abandonar os órgãos sociais da Associação Figueira com Sabor a Mar, que fundou a lidera deste a sua constituição. Uma decisão com efeitos a partir de março próximo, que o “homem do leme” anunciou na gala de aniversário, realizado no Casino Figueira.

Defensor acérrimo da arte de bem servir, Mário Esteves apresentou uma “caçarola” recheada de queixas, de falhas, de falta de apoio. «Os meus 76 anos já não toleram certas injustiças», disse, com alguma emoção, nesta despedida público, onde afiançou que pretende dedicar «mais tempo à família» e à «atividade profissional».

Numa crítica caldeada com desilusão, Mário Esteves “apontou o dedo” à Câmara Municipal. «Estamos num concelho onde, sozinhos, tudo temos feito para divulgar a gastronomia», disse, recordando que foi o município que incentivou as empresas de restauração e similares a «organizarem-se formalmente», no sentido de assegurar apoios e uma maior dinâmica, o que resultou na constituição da Associação Figueira com Sabor a Mar, a 12 de dezembro de 2012. Todavia, não passou daí.

«Uns são filhos e outros enteados», disse, referindo um conjunto de eventos organizados pelo município ou com o seu apoio, como o Festival da Sardinha ou a Feira das freguesias. Apoio que não chegam à restauração. «Vemos, por esse país fora os autarcas promoverem a restauração dos seus territórios, o que não acontece no nosso concelho», afirmou, dando como exemplo o caso de Isaltino Morais, de Oeiras. E a crítica subiu de tom quando afiançou que «há dois anos a esta parte o município cortou-nos a publicidade, nomeadamente flyers e cartazes e a utilização de quatro “raquetas”, espalhadas pela cidade, onde anunciávamos os nossos festivais». «O espaço para a sede nunca se concretizou» e o apoio em publicidade é, «neste momento, zero», disse ainda.

Nas vésperas de deixar a direção, o presidente garantiu ter a «consciência do dever cumprido». «Promovemos a gastronomia e o turismo», disse, recordando os 60 dias dedicados aos peixes e mariscos da costa, «considerados dos melhores do mundo e que fazem da Figueira da Foz a capital dos festivais gastronómicos, que no último ano terão contado com «cerca de 80 mil visitantes». «Se não fossem os nossos patrocinadores, que desde a primeira hora acreditaram em nós, não teríamos conseguido fazer tanto», afirmou, lamentando a falta de «apoios institucionais», «concretamente do município».

O vereador Manuel Domingues tentou “por água na fervura”. «O senhor Mário Esteves às vezes é um bocadinho cáustico com o município», afirmou, procurando demonstrar que «o município também trabalha para a restauração».«Quando fazemos eventos, estamos a pensar na hotelaria e na restauração», afirmou, elencando alguns eventos, como a prova de ciclismo, dentro de 15 dias, ou recentemente o campeonato de estrada ou a corrida de reis que «trouxeram muita gente à Figueira. da Foz» e que, juntamente com outros, «procurar quebrar a sazonalidade».

«Fazemos o que é possível»,disse, deixando claro que «o apoio indireto – através de eventos – é mais importante que o apoio direto». Ciente da «promessa» de um local para a sede, que vem desde a constituição da associação, lembrou que «só cá estamos há três anos» e prometeu levar ao executivo a situação.

Todavia, imediatamente a seguir, Carlos Sousa pôs mais “achas na fogueira”. Como porta-voz dos colegas de profissão e «na ausência de qualquer reconhecimento por parte de outras entidades, nomeadamente da nossa autarquia», os restaurantes fizeram questão de homenagear Mário Esteves e reforçar as críticas à Câmara. «Nunca fomos adotados pelo município como associação que trabalha em prol do desenvolvimento da nossa cidade», afirmou o também membro da direção. «Nunca pedimos subsídios, pedimos, sim, incentivos», disse ainda, lembrando igualmente a prometida sede .«Somos uns sem-abrigo», afirmou, cáustico, considerando que «não é pedir muito» ter um «local digno para trabalhar» ou «uma verba para a promoção dos festivais e da cidade através da gastronomia».

Entregues Prémios Gourmet 2024

Na festa de aniversário, a Associação Figueira com Sabor a Mar deu presentes aos convidados, com destaque especial para os Prémios Gourmet 2024, entregues à Aliança, Vinhos de Portugal S.A, empresa de Anadia que é um dos principais parceiros dos festivais gastronómicos, e ao Coliseu Figueirense, equipamento cultural de referência na região. Miguel Amaral, presidente do Conselho de Administração afirmou que, em 2024, foram «30 mil as pessoas que estiveram no Coliseu» nos diverso eventos, desde espetáculos a touradas. Com uma capacidade para receber seis mil espectadores, o Coliseu Figueirense é a maior sala de toda a região e a única praça de touros a norte do país, o que significa verdadeira enchentes em dias de tourada.

A associação distinguiu o Hotel Wellington, outro parceiro de longa data, com um tributo de reconhecimento, entregue ao diretor, Jorge Simões, e entregou certificados aos restaurantes e patrocinadores, bem como os clientes premiados no âmbito do questionário de avaliação feitos nos diferentes festivais.

Fevereiro 1, 2025 . 07:20

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