![P5 Tribunal20250120 140140 T](https://www.diariocoimbra.pt/wp-content/uploads/2025/01/P5-tribunal20250120_140140-t.webp)
Condóminos lesados andaram vários anos a pagar dívidas
Os condóminos lesados andaram três ou quatro anos a pagar dívidas. A afirmação foi feita ontem, no Tribunal de Coimbra, no arranque do julgamento que senta no banco dos réus uma antiga administradora de condomínios que terá desviado cerca de 360 mil euros referentes à gestão de condomínios de 24 prédios em várias zonas da cidade. Hoje, com 74 anos, a gestora responde pela prática do crime de abuso de confiança. Em Tribunal remeteu-se ao silêncio e pediu para não comparecer na sala de audiências
A primeira testemunha ouvida é responsável de uma empresa de gestão do condomínios que, quando rebentou o escândalo, foi chamada a assumir a gestão de alguns destes prédios. Além de encontrarem as contas a zero, constataram que havia pagamentos feitos com dinheiro de outros condomínios (quando os fornecedores ameaçavam cortar os serviços, como era o caso dos elevadores) e inúmeros levantamentos em numerário nas caixas multibanco. Para pagar as dívidas foi preciso criar quotas extra durante três ou quatro anos, frisou aquela responsável.
Acrescentou ainda que vários lesados tinham pago as quotas em dinheiro e tiveram de o fazer novamente por não haver qualquer comprovativo.
De acordo com a acusação do Ministério Público não existem grandes dúvidas de que a mulher agiu «com a intenção de se apropriar dos valores que lhe eram entregues pelos condóminos, apesar de estar ciente que os mesmos se destinavam à satisfação dos encargos com os respetivos condomínios e de que apenas podia deles dispor em virtude do exercício das suas funções de administradora daqueles condomínios e no interesse destes».
Como o fazia? Ora, cumprindo um plano que se terá iniciado em janeiro de 2009 - tinha então 58 anos - e que se prolongou até fevereiro de 2014, quando as dívidas começaram a ser públicas. E o plano era: proceder ao levantamento dos valores depositados nas contas dos condomínios - que geria sozinha - ou fazer transferência das mesmas quantias para contas suas, que utilizava em proveito próprio.
Foi em fevereiro de 2014, quando a arguida começou a ser interpelada por diversos condóminos para efetuar o pagamento das várias dívidas que iam aparecendo, que o esquema foi desvendado... o que levou então ao seu súbito desaparecimento e internamento numa unidade de saúde da região.
São vários os exemplos, ao longo da acusação do Ministério Público deste “modus operandi”. Justifica-se, assim, a existência de dívidas avultadas em vários prédios, cujas contas de condomínio geria.
Assim se foi mantendo durante cerca de cinco anos, uma vez que, de acordo com o Ministério Público, não há grandes dúvidas de que «o plano» elaborado pela arguida para se apoderar das quantias dos vários condomínios que geria começou a ser colocado em prática «pelo menos» em janeiro de 2009. Foi em fevereiro de 2014, quando a arguida começou a ser interpelada por diversos condóminos para efetuar o pagamento das várias dívidas que iam aparecendo, que o esquema foi desvendado... o que levou então ao seu súbito desaparecimento e internamento numa unidade de saúde da região.