
Câmara apela à suspensão da greve dos motoristas dos SMTUC
A Câmara de Coimbra apelou ao STAL - Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional e aos motoristas dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) que desconvoquem a greve que prevêem iniciar amanhã e poderá prolongar-se por 44 dias, até setembro.
O município informou que enviou na sexta-feira uma comunicação ao STAL «com o historial de todo o processo e com as provas das iniciativas desenvolvidas, que respondem às dúvidas colocadas por esta estrutura». O sindicato, recorde-se, alegou que não tem «qualquer prova concreta» de que José Manuel Silva, presidente da autarquia, tenha feito algum contacto com o Governo para valorização das carreiras dos motoristas.
«A Câmara de Coimbra tem feito tudo o que está ao seu alcance para resolver os problemas dos SMTUC e dos seus trabalhadores, dentro dos limites legais e orçamentais que são de todos conhecidos», contrapõe a autarquia em comunicado ontem divulgado, reforçando que «todas as medidas que dependem exclusivamente» do município «foram aplicadas».
Segundo a Câmara, «o Governo socialista, lamentavelmente, não demonstrou qualquer disponibilidade consequente para resolver o problema», sendo que o diálogo com o atual Governo «está a decorrer de forma muito positiva e com vontade de ambas as partes em resolver os procedimentos legislativos necessários para a implementação do suplemento apropriado a estes profissionais». No comunicado, acrescenta que «naquilo que também depende da Câmara de Coimbra e da Assembleia Municipal (e dos próprios trabalhadores e sindicatos), está a decorrer o desenvolvimento do estudo que permita avaliar a possibilidade de empresarialização (não de privatização!)» dos SMTUC. «Se os trabalhadores quiserem, esta é uma solução possível e viável a curto/ médio prazo», diz, recordando o processo semelhante que aconteceu com a empresa Águas de Coimbra.
Reforçando que o Governo anterior «nada resolveu», o município destaca que «o atual Governo da AD tem demonstrado a máxima vontade em encontrar uma solução que vá ao encontro das legítimas reclamações dos trabalhadores», tendo sido enviado a 19 de dezembro, à secretária de Estado da Administração Pública, um parecer relativo «à consagração legal de um suplemento remuneratório a atribuir aos trabalhadores que exercem funções de agente único de transportes coletivos, que está em análise intensiva».
Na informação ontem divulgada, a Câmara reforça que o executivo está «fortemente empenhado em investir nos seus trabalhadores e nos SMTUC, como há dezenas de anos não acontecia». A título de exemplo, aponta a compra de cinco autocarros elétricos novos em 2022 e mais 22 em 2023/24 e a próxima compra de mais 30 autocarros elétricos novos em 2025, assumindo que «sente que a greve convocada se reveste de alguma injustiça e extemporaneidade, prejudicando desnecessariamente os utentes dos SMTUC, na medida em que, face à evolução do diálogo com o Governo, neste momento, a greve nada acrescenta ao processo».
«Considerando este enquadramento, o real empenho do executivo e o interesse público, em que a greve nada acrescenta à justa luta dos trabalhadores dos SMTUC e muito prejudica os trabalhadores que utilizam os transportes públicos, reitera--se o apelo à desconvocação da greve marcada para o mês de fevereiro», conclui.
Marcados 44 dias de greve
Recorde-se que o STAL convocou 44 dias de greve para os Transportes Urbanos de Coimbra, começando já com dois dias amanhã e terça-feira, aumentando progressivamente até setembro, com cada mês a ter mais um dia de luta face ao anterior, culminando com nove dias de greve contínua no mês em que deverão realizar-se as eleições autárquicas.
Segundo o sindicato, os 44 dias de greve marcados foram decididos tendo em conta «as promessas não cumpridas por parte do presidente da Câmara de Coimbra», estando em causa sobretudo a valorização das carreiras dos trabalhadores (os motoristas e mecânicos dos SMTUC são considerados assistentes operacionais).
Para amanhã, segunda-feira, pelas 15h00, está previsto que os trabalhadores desfilem até à Câmara de Coimbra, onde entregarão uma cópia de um abaixo-assinado pela valorização da carreira e, na terça-feira, vão a Lisboa entregar o mesmo documento na residência oficial do primeiro-ministro.