![Primaveras Estudantis Em Exposição Fig 107 T](https://www.diariocoimbra.pt/wp-content/uploads/2025/02/P3-primaveras-estudantis-em-exposicao-fig-107_t.webp)
"A democracia não é imortal", adverte Alberto Martins
Dois presidentes da Associação Académica de Coimbra, com mandatos separados por 55 anos, partilharam vivências e a certeza de que há valores que têm de perdurar para que a democracia não se perca. A «democracia não é imortal», diria Alberto Martins, um dos rostos da AAC contra a ditadura em 1969; se não houver «humanismo, solidariedade e compaixão» o futuro será «um bocadinho negro», vaticinou Renato Daniel, líder estudantil em 2024, nos 50 anos de Abril.
A tertúlia “Primaveras de ontem e de hoje”, enquadrada na exposição “Primaveras Estudantis” inaugurada ontem no Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, não foi alheia ao mundo de incertezas que se vive hoje, em que a memória do passado «pode ser importante na projeção do futuro», assinalou Alberto Martins, que a pedido da moderadora Clara Almeida Santos recordou o “peço a palavra” a 17 de abril de 1969, numa cerimónia solene com governantes em tempo de ditadura. O episódio é conhecido, «mas como não há futuro sem memória», o antigo presidente da AAC resumiu a história que o levaria à prisão e daria origem à crise académica que mobilizou o país e enfraqueceu o regime. Com as palavras a denotarem emoção, Alberto Martins lembrou a salva de palmas impressionante dos estudantes, a saída da comitiva governamental, depois a prisão nessa madrugada, os cerca de 200 estudantes que foram espancados junto à sede da PIDE, ou o papel das mulheres estudantes na luta contra o fascismo em Coimbra.